Em comunicado neste sábado (24), o IBGE disse que recebeu a decisão do Supremo Tribunal Federal (STF) suspendendo a medida provisória e tirando o acesso a cadastro das empresas de telefonia para pesquisas de apoio ao combate à pandemia. Com isso, o instituto cumpriu o determinado imediatamente. Ainda assim, disse à coluna que que trabalhará para divulgar a taxa de desemprego e a PNAD COVID, como está sendo chamada. Mesmo que a base estatística seja menor.
"O IBGE mantém a convicção de que suas pesquisas estatísticas, eminentemente técnicas e confiáveis, são fundamentais no enfrentamento desse inimigo poderoso e invisível - contra o qual o país precisa de dados, números e respostas. O Instituto reitera seu histórico e inabalável compromisso com o sigilo das informações a ele confiadas ao longo de 83 anos.", diz trecho do comunicado.
Segundo o texto da MP publicado no Diário Oficial da União, os dados seriam usados exclusivamente pela Fundação IBGE para entrevistas que não são presenciais, no domicílio das pessoas. Já proibia o fornecimento para empresas públicas, privadas, a órgãos ou entidades da administração pública. A Ordem dos Advogados do Brasil (OAB), no entanto, ingressou com uma ação judicial pedindo a suspensão da MP. A argumentação é que o texto violava a privacidade do cidadão.
Além de toda a crise provocada pela pandemia, corremos o risco de não conseguir dimensionar corretamente o impacto dela no mercado de trabalho. O governo federal já suspendeu a divulgação do Caged, que é o banco de dados de empregos com carteira assinada, já que muitas empresas não estão passando as informações. Agora, o IBGE avisa que enfrenta problemas para realizar a Pesquisa Nacional por Amostra de Domicílios (PNAD), pois as pessoas não estão respondendo às perguntas por telefone.
Só aqui no Rio Grande do Sul, a equipe da PNAD visitava mais de 4 mil domicílios todos os meses. No país todo, são 70 mil. Em uma situação normal, o pesquisador do IBGE consegue fazer a entrevista em quase 90% deles, conta o coordenador Walter Paulo de Sousa Rodrigues, que atua no instituto aqui no Rio Grande do Sul.
- No mês de março, com apenas metade do período de coleta afetado pela pandemia, o percentual de entrevistas realizadas caiu para 66%. Para a coleta de informações do mês de abril, se não conseguirmos manter o mesmo percentual, o coeficiente de variação (CV) aumenta e diminui a precisão das estimativas. Ainda temos o risco de não conseguirmos divulgar para níveis geográficos menores como Capital e Região Metropolitana. Ou ainda, termos um número menor de indicadores do que atualmente divulgamos.
Enquanto isso, a divulgação já foi adiada e pode ser transferida novamente. Além da taxa de desemprego, o IBGE consegue com a PNAD estimar o número de desempregados, saber os segmentos mais afetados, informar renda, massa salarial e uma série de indicadores que são ainda mais importantes agora. Inclusive, para políticas públicas, com a decisão das autoridades sobre isolamento e afins, dentro do combate à covid-19.
- Estamos buscando construir uma nova pesquisa, cujo nome por enquanto é PNAD COVID, relacionando a questão de saúde com o mercado de trabalho - complementa o coordenador.
Ficou com receio sobre a ligação do IBGE? A checagem do entrevistador por ser feita pelo telefone: 0800 721 8181 ou no site dos Entrevistadores do IBGE.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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