Empresário do varejo de materiais de construção em Santa Maria e atuando na gestão de negócios inclusive fora do Rio Grande do Sul, Valnei Beltrame, de 57 anos, foi diagnosticado com a covid-19 há 10 dias. Está internado ainda e espera ter alta em breve, após o resultado da próxima tomografia. A última febre alta foi na quarta-feira da semana passada, quando ainda estava com tosse muito forte e indicativo de comprometimento dos pulmões. Segundo ele, passou por isso graças à equipe médica.
Pois um vídeo de Beltrame circulou bastante no final de semana, onde ele recomendava que os empresários não abrissem as portas já nesta semana. Ele fez a gravação do quarto do hospital:
“Estou virando o jogo, mas peço a todos os amigos proprietários de lojas: não voltem a trabalhar nesta semana. Prorroguem para o dia 6 (de abril), para não se arrependerem depois.”, diz ele em um trecho do vídeo.
Nesta segunda-feira (30), Beltrame conversou com a coluna. Contou que a esposa, de 54 anos, também apresentou os sintomas e foi internada. A mãe, que tem 85 anos, esteve já em observação. As duas filhas que trabalharam com ele em uma feira em São Paulo após a contaminação estão em isolamento: "E uma delas está grávida". Os médicos acreditam que elas estão infectadas, mas sem sintomas. O empresário acha que pegou o vírus no Grenal da Libertadores da América, no dia 12 de março, pois esteve com outros empresários que também tiveram diagnóstico positivo.
Do ponto de vista econômico, Valnei Beltrame reforçou o pedido e fez ponderações que mostram estar ciente da situação do seu negócio com o impacto da pandemia de coronavírus. No entanto, reforça o apelo para a questão saúde envolvida:
— Tu que tens o microfone na mão, Giane, diz que não é brincadeira. A gente não percebe que está transmitindo. Quando descobre, a partir daí, tua vida fica um inferno.
Complementa dizendo que não pode chegar na porta da empresa dele e receber 180 funcionários. Pede que empresários deem um voto de confiança para as autoridades.
— Pelo menos, temos uma segurança. Não saí fazendo bobagem. A vida, a gente não recupera mais. Depois que alguém morrer na tua empresa, tu não recuperas mais. Além de estragar a vida de tantas pessoas — complementa Beltrame.
Conta que, desde o início momento, suas empresas mandaram correspondências aos fornecedores. Pediram que não fossem feitos os faturamentos. Beltrame avisa que só abrirá as empresas quando o prefeito permitir:
— Compromisso, todo mundo tem. Eu também estou cheio de compromissos. A gente está com sérias dificuldades. Vai ter prejuízo, vai. A gente terá que trabalhar duas ou três vezes mais depois. Mas vai trabalhar.
Veja o vídeo gravado por Valnei Beltrame no final de semana:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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