Já com previsão de inauguração e funcionários selecionados, o Mercado Livre suspendeu as obras e as contratações para o centro de distribuição em Gravataí, na região metropolitana de Porto Alegre. Gigante mundial do comércio eletrônico, a empresa pretendia dar início à operação ainda no primeiro trimestre do ano.
Na semana passada, como acompanha de perto esse investimento desde o ano passado, a coluna noticiou a liberação do alvará de funcionamento pela prefeitura de Gravataí e reforçou a previsão de inauguração até março. No entanto, a empresa informou, por meio de nota, que a data não estava mais definida devido a questões fiscais que estavam sendo negociadas com o governo do Rio Grande do Sul. Ainda no comunicado, o Mercado Livre confirmou que, enquanto isso, as obras e as contratações ficariam suspensas.
No texto, a empresa usou a expressão "trâmites operacionais de ordem fiscal". A coluna solicitou entrevista para entender do que se tratava. Foi atendida, então, pelo diretor Jurídico e de Relações Institucionais do Mercado Livre. Ricardo Lagreca explicou que, pelas normas atuais do Estado, cada vendedor que comercializa produtos pela plataforma teria de abrir uma "filial" no Rio Grande do Sul. Essa exigência inviabiliza o empreendimento, mas disse estar confiante na condução do assunto pela Secretaria Estadual da Fazenda (Sefaz-RS). É necessária uma alteração, como foi feita em São Paulo, onde a empresa já tem centros de distribuição.
— O centro de distribuição do Rio Grande do Sul faz parte de um forte investimento do Mercado Livre no Brasil neste ano. A ideia é agilizar a entrega dos produtos para os consumidores. No espaço, os vendedores poderão ter produtos armazenados e que ainda nem foram vendidos. Quando adquiridos pela plataforma, o cliente receberia rapidamente os itens — explica Lagreca sobre o propósito do investimento no mercado gaúcho.
A coluna procurou o governo gaúcho para saber se há a intenção e até uma previsão para que seja feita a alteração. Recebeu uma nota da Secretaria Estadual da Fazenda, avisando que a legislação está sendo analisada e sinalizou que deve ficar igual a de São Paulo.
"A Sefaz tem mantido contato permanente com a empresa e com a Sefaz de SP para garantir o investimento no Estado. A legislação atual exige que empresas de outros estados tenham inscrição no RS. Estamos trabalhando para harmonizar a legislação para que fique igual à SP, a qual foi recentemente alterada, no mês de dezembro.", diz a nota na íntegra.
Questionado novamente sobre os prazos e a retomada do empreendimento, o diretor da empresa, Ricardo Lagreca, disse que, após a adaptação da legislação, o centro de distribuição pode ser inaugurado em poucos meses. A área total é de quase 50 mil metros quadrados, com um faturamento estimado de R$ 450 milhões nos próximos cinco anos. O pavilhão fica em um condomínio logístico na RS 118. O empreendimento está gerando 500 empregos e a seleção dos trabalhadores tinha iniciado ainda 2019.
Gigante do setor, o Mercado Livre responde por 33% do comércio online no Brasil. Nasceu em 1999, na Argentina, e já opera em 18 países. O investimento no Rio Grande do Sul se encaixa na estratégia recente da empresa de investir em unidades de serviços financeiros e pagamentos, além da abertura de centros de distribuição para reduzir prazos de entrega. O Mercado Livre enfrenta, por exemplo, o avanço da Amazon.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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