Como a queda do petróleo no mercado internacional já vinha sinalizando, a Petrobras voltou a cortar o preço dos combustíveis nas refinarias. No caso da gasolina, a redução é de 4%. Já no diesel, chega a 5%. Os cortes valem a partir deste sábado (29).
O petróleo vem caindo conforme o coronavírus avança. Isso porque a epidemia gera o temor de desaceleração da economia global e já tem efeitos reais no faturamento de gigantes globais, como Apple, Microsoft e Ab Inbev, a maior fabricante mundial de bebidas. Quando a economia recua, se consome menos combustíveis, o que provoca a queda no preço da commodity.
Os cortes anunciados pela Petrobras são significativos. E há espaço para novas reduções, avisa o sócio da RJI Gestão de Investimentos, Rafael Weber:
— Nem pegou ainda a queda de hoje do petróleo brent, que foi de -3,5%.
A Petrobras também considera o câmbio na hora de ajustar preços. No entanto, a alta do dólar tem sido menos intensa do que a queda no preço do petróleo. Há uma semana, e estatal tinha aumentado o preço da gasolina em 3%, devido à alta da moeda norte-americana, após quatro cortes consecutivos desde o início de 2020. Mas foi antes da crise do coronavírus atingir com força os mercado financeiros, após ter se espalhado por outros países. Desde então, o petróleo passou a cair.
A redução nos preços dos combustíveis vem em boa hora, já que a pressão do dólar sobre a inflação tem preocupado. E isso vai do pãozinho, que leva trigo importado, até a coleção de inverno das lojas de roupas, que estava esperando o dólar baixas para passar na alfândega e pagar imposto menor. Em especial, o Banco Central, que intensificou as intervenções nesta semana para evitar a disparada da moeda, que chegou a passar os R$ 4,50.
A gasolina é um dos itens que mais pesam no orçamento das famílias e, portanto, também no cálculo de inflação. A redução de janeiro já estava até aparecendo nos indicadores como a principal pressão de baixa. Até chegou a subir nos postos antes do Carnaval, devido ao tradicional aumento de demanda, mas já recuou no final desta semana. O diesel também pesa bastante, mas de forma indireta. O país depende muito do transporte rodoviário, que tem o combustível como seu principal custo. Lembrando que a estatal determina os preços nas refinarias. Depois, as definições são livres tanto pelas distribuidoras quanto pelos postos de combustível.
Uma outra alternativa para segurar o dólar ser elevação da taxa de juro Selic, já que atrairia mais investidores estrangeiros para aplicações financeiras. No entanto, não é uma boa opção porque trava o crédito, o que emperra ainda mais a economia, já temerosa do efeito do coronavírus. Além disso, o juro baixo tem sido, claramente, a aposta da equipe econômica de Jair Bolsonaro. Em especial, do ministro da Economia, Paulo Guedes.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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