Após ficar fechada durante o Carnaval, a bolsa de valores de São Paulo, B3, abriu com forte queda, puxada pelo temor do impacto do coronavírus na economia mundial. O Ibovespa futuro abriu com recuo de quase 5% neste início de tarde. O pregão também começou às 13h, com queda superior a 4% para quase 108 mil pontos no Ibovespa, o índice que reúne as ações de empresas mais negociadas. Menos de uma hora após a abertura, intensificou o recuo, ficando acima de 5% de queda. Todas a ações do índice operavam no vermelho.
Petrobras e Vale tinham desvalorização de cerca de 7% na abertura. As ações das duas empresas sofrem com o que está acontecendo na economia global. Seu negócio é baseado em petróleo e minério de ferro, que são commodities. Quando há uma desaceleração global, o consumo desses produtos cai, o que afeta as empresas. Com o temor de que o impacto do coronavírus na economia seja maior do que o projetado, os investidores vendem os papéis. Aliás, as ações das duas grandes empresas brasileiras tiveram os piores resultados durante o Carnaval no mercado financeiro dos Estados Unidos, onde também são negociadas.
Companhias aéreas também sentem impacto forte nos seus papéis. Inclusive, liderando as perdas da B3 nesta volta do mercado. Elas estão entre os setores que sentem primeiro os efeitos de uma epidemia mundial, já que as pessoas cancelam e adiam as viagens. No caso da Gol Linhas Aéreas, a queda fica em 9%.
O dólar futuro também abriu em alta, vendido a R$ 4,40 e avançou mais depois. Agora, o dólar comercial está em alta também. Chegou a bater R$ 4,42 e depois recuou um pouco. Voltou a subir e bateu R$ 4,44. Prevendo esse movimento, o Banco Central anunciou no início da tarde que atuaria no mercado, fazendo leilões durante a tarde. A autoridade monetária injeta a moeda no mercado para tentar evitar uma disparada.
O "ataque do urso" era esperado, após o impacto nas bolsas mundiais desde segunda-feira com o avanço do coronavírus pelo mundo. O mercado chama de "bear market", fazendo referência ao animal que, quando ataca, faz o movimento das garras para baixo.
Apesar da forte queda, há investidores que vêm nessa reação inicial uma janela de oportunidades. Apostam na venda forte de ações e compram os papéis por um preço que consideram "barato", projetando um ganho no futuro. Até mesmo porque os mercados norte-americanos, que são referência mundial, estão em alta. Um índice de ações brasileiras negociadas em Nova York, o EWZ, estava com alta superior de 1%.
De forma geral, para os clientes, os assessores de investimentos recomendam cautela, mesmo admitindo que a situação é grave. O megainvestidor Warren Buffet deu uma entrevista à CNBC na última segunda-feira dizendo que não se deve comprar ou vender ações com base nas manchetes de agora. Conhecido por investimentos de longo prazo - leia-se décadas segurando os papéis de uma empresa -, Buffet acrescentou que o futuro das empresas não foi alterado pelo que aconteceu com o coronavírus nos últimos dias.
Coronavírus no Brasil
Em entrevista coletiva concedida no final da manhã desta quarta-feira (26), o ministro da Saúde, Luiz Henrique Mandetta, confirmou o primeiro caso de coronavírus no Brasil e detalhou as etapas que permitiram que as autoridades atestassem a infecção do paciente. Trata-se de um homem de 61 anos, de São Paulo, que esteve na Itália entre os dias 9 e 21 de fevereiro, a trabalho, e regressou ao Brasil com uma conexão aérea em Paris, na França.
Ainda sobre dólar
O impacto do coronavírus sobre o dólar mexe com muita gente, de empresários a viajantes. Ele foi o tema do Seu Dinheiro Vale Mais, programa semanal com dicas de finanças pessoais no Instagram de GaúchaZH. Confira:
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
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