Diretor da AGAS Jovem, braço da Associação Gaúcha de Supermercados com novos supermercadistas, Bruno Lang já tinha alertado a coluna para o impacto da estiagem em alimentos vendidos na Ceasa. A percepção se confirmou no levantamento semanal que monitora os preços dos alimentos vendidos no local, onde comerciantes e restaurantes se abastecem para revenda.
Dos 35 produtos analisados, 10 ficaram com preços estáveis, 10 tiveram queda e 15 tiveram aumento. Na análise técnica da Ceasa, há destaque para os seguintes alimentos com impacto da estiagem:
Espinafre: +25%
Temperaturas elevadas já reduzem a oferta da verdura. No entanto, a oferta está menor do que no mesmo período dos últimos três anos.
Milho verde: +25%
Um dos plantios mais afetados pela estiagem no Rio Grande do Sul. A oferta é crítica, alerta a Ceasa. O preço do milho já vinha subindo e ele está sendo vendido por mais do que o dobro da média para o período.
Vagem: +75%
Forte redução na oferta também. O preço está mais do que o dobro do normal para o período.
Melancia -30%
Assim como o frio intenso na época das mudas, o excesso de calor afetou a qualidade da fruta. Com tamanho médio e pequeno, o consumo caiu e o preço também.
Repolho Verde -25%
Houve um ajuste na cotação. A oferta tinha caído e o preço subiu demais, o que provocou queda no consumo. Com a retração dos compradores, o valor voltou a cair.
Além dos produtos em destaque pela Ceasa, o diretor da AGAS, Bruno Lang, observa que alguns alimentos não estavam sendo oferecidos. Destacou, por exemplo, a beterraba.
— A melancia é um caso interessante. Foi estratégia do produtor porque estava indo muita melancia fora. E ainda ressalto a surpresa positiva que tive com a uva. O preço da caixa caiu nesta semana, enquano achei que subiria.
Lang afirma que já está sentindo redução no preço da carne também. No entanto, como muitos supermercados reduziram a margem e repassaram o custo para outros produtos na época da disparada, a queda nos frigoríficos tende a chegar em menor intensidade agora. Ou até não ser repassada por enquanto, até haver um ajuste no varejo. Em dezembro, a arroba do boi caiu 15% de preço, segundo o Ministério da Agricultura e Pecuária.
Atualização: O diretor Bruno Lang avisa que as carnes embaladas terão redução de preços. Segundo alertas de outros supemercadistas, as quedas devem ocorrer já a partir da próxima semana.
A última atualização da Cesta AGAS não trouxe variações significativas de preços. Na segunda semana de janeiro, identificou elevações nos cortes bovinos, mas de pouca intensidade se comparadas aos aumentos do final de 2019.
Colunista Giane Guerra (giane.guerra@rdgaucha.com.br)
Colaborou Daniel Giussani (daniel.giussani@zerohora.com.br)
Siga Giane Guerra no Facebook
Leia mais notícias da colunista