O Banrisul lançou oferta de ações, conforme fato relevante enviado ao mercado. Os papéis são do governo do Estado. A intenção, e há a possibilidade forte de que se confirme, é de levantar mais de R$ 2,2 bilhões com a venda. O dinheiro seria usado para colocar em dia a folha de pagamento do funcionalismo estadual.
A intenção de vender tinha sido anunciada ainda em junho, como noticiou no dia a coluna Acerto de Contas. Depois, foi suspensa por liminar da Justiça, que pedia mais informações sobre a viabilidade do negócio. Há poucos dias, no entanto, a venda foi liberada.
"(O Banrisul) vem informar aos seus acionistas e ao mercado em geral a realização de uma oferta pública de distribuição secundária de 96.323.426 ações ordinárias, nominativas, escriturais, sem valor nominal, livres e desembaraçadas de quaisquer ônus ou gravames, de emissão do Banrisul e de titularidade do acionista controlador, o Estado do Rio Grande do Sul", diz trecho do comunicado.
As ações ordinárias, chamadas de ONs, são papéis que dão direito a voto nas assembleias, ao contrário das ações preferenciais. Lembrando que o governo segue garantindo que manterá o controle do Banrisul, ou seja, o banco seguirá estatal.
Pelo cronograma divulgado no fato relevante, começa nesta terça-feira (10) a apresentação a investidores. Essa etapa segue até o dia 17. As negociações dos papéis devem começar, conforme a previsão do Banrisul, no dia 19 de setembro, na bolsa de valores de São Paulo (B3).
Há um diferencial na operação, a compra das ações poderá ser feita somente por investidores profissionais. Além disso, os papéis também serão ofertados no exterior.
— No Brasil, esse tipo de oferta é limitado a 75 investidores. Os bancos ligam para os gestores de recursos e perguntam se estão interessados. Desses, somente 50 ofertas são aceitas, conforme o preço de corte definido entre os bancos e o Banrisul — explica o sócio da gestora de fundos Quantitas Wagner Salaverry, que calculou o valor que o governo poderia levantar considerando o preço da ação do Banrisul no fechamento do pregão dessa segunda-feira (9).
Pessoas físicas que não sejam gestores autorizados pela Comissão de Valores Mobiliários (CVM) ou que não tenham R$ 10 milhões em ativos não poderão participar da oferta. Valerá apenas para fundos, clubes, entidades de previdência, entre outros.
— Isso é para reduzir problemas. Quando se vende para profissionais, não se corre o risco de o comprador das ações reclamar dizendo que não entendeu direito a operação. O vendedor, no caso o governo, se protege bastante de reclamações na CVM — complementa Salaverry.
O próprio Banrisul é o coordenador líder. Junto, estão o BofA Merrill Lynch, Itaú BBA e JPMorgan.
Resultado financeiro do banco
O Banrisul registrou lucro líquido de R$ 335,4 milhões no segundo trimestre, conforme resultado divulgado no início de agosto. O valor representa um crescimento de 28% em relação ao lucro líquido do mesmo intervalo de 2018 e de 4,8% na comparação com o primeiro trimestre.
Nos primeiros seis meses do ano, o lucro líquido alcançou R$ 655,3 milhões. O montante supera em 29,5% o lucro líquido apurado no mesmo período do ano passado.
O patrimônio líquido do Banrisul alcançou R$ 7.522,5 milhões em junho de 2019. É 6,9% acima da posição de junho de 2018 e ampliação de 2,1% na comparação com março de 2019.