Rede de supermercados do Litoral, o Super da Praia colocou o símbolo do autismo nas placas dos caixas de atendimento prioritário. A empresa tem três lojas e todas tiveram a mudança. Ficam em Capão Novo, Terra de Areia e Três Cachoeiras.
O símbolo é um laço formado por peças de quebra-cabeça. Faz uma menção à complexidade e ao enigma que o autismo ainda representa para a ciência. No Super da Praia, o laço colorido agora está ao lado dos símbolos de gestantes, pessoas com criança de colo, clientes com mais de 60 anos e pessoas com deficiência.
O autismo até se encaixaria na categoria de pessoas com deficiência, mas é preciso ampliar o conhecimento sobre o assunto. Tanto que o diretor-presidente do Super Novo, Cesion Pereira, conta que a decisão veio de uma situação que ocorreu no próprio supermercado. Um cliente ficou incomodado ao ver uma mãe com o filho na fila, reclamou e foi preciso explicar que a criança tinha autismo.
— Acrescentar o símbolo foi algo simples para nós e estamos impressionados com a repercussão. Não sabíamos que a situação atingia tanta gente. Há pessoas de outras cidades ligando para vir nas lojas. São, por exemplo, cuidadores que relatam não poder deixar as crianças em casa e têm receio de levá-las junto para fazer compras — conta o empresário.
Receio que é justificado. A pessoa com autismo vê as situações como padrões. Sons, cores e movimentação diferentes em um supermercado podem deixá-los agitados.
— Por exemplo, o autista pode ficar incomodado com um código de barra que não passa na máquina registradora. Alguns toleram, mas outros não. É importante conscientizar porque as pessoas tendem a achar que é mau comportamento ou birra da criança, já que o autismo não é facilmente percebido — explica Clarissa Beleza, pedagoga especialista em autismo da Fundação de Articulação e Desenvolvimento de Políticas Públicas para Pessoas com Deficiência e com Altas Habilidades no Rio Grande do Sul (FADERS).
Vários municípios intensificaram nos últimos anos a aprovação de leis que obrigam a colocação do símbolo do autismo nas placas de atendimento prioritário. No entanto, há legislação federal que assegura o atendimento preferencial para pessoas com deficiência. Ao mesmo tempo, outra lei garante que o autista seja considerado pessoa com deficiência.
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Atualização:
A coluna Acerto de Contas conversou com a mãe que passou pela situação. Leia e ouça a entrevista com Maiara Semeler: "É chato ficar dizendo que meu filho é autista", desabafa mãe que levou supermercado a colocar símbolo nos caixas