Qual o futuro da General Motors no Brasil? Cedo para dizer porque ainda há muita negociação para rolar. Acompanhando há semanas a tensão envolvendo a montadora, a coluna Acerto de Contas quer frisar neste momento delicado é que há uma diferença grande entre revisar investimentos, fechar alguma unidade e efetivamente abandonar o país.
Tudo começou quando a presidente mundial da GM, Mary Barra, falou em Detroit sobre os resultados ruins da operação na América do Sul. Afirmou que está trabalhando para melhorar o negócio na América do Sul e que considera "outras opções". Disse ainda que a empresa não iria continuar investindo para perder dinheiro.
Depois, cartazes foram colados nas fábricas com um comunicado do presidente da GM no Mercosul, Carlos Zarlenga. A coluna teve acesso de imediato ao material, que reforçava a declaração de Mary Barra, dizia que os prejuízos no Brasil não podiam se repetir, que 2019 seria um ano decisivo e que estava sendo executado um plano. Acrescentava que "Do sucesso deste plano dependem investimentos da GM e o nosso futuro.”
Após todas as reuniões das últimas semanas e em conversas diárias com fontes e interlocutores, a coluna pergunta se a GM fala em sair do Brasil ou sinaliza que isso é estudado. Oficialmente, a montadora não fala com a imprensa. Todos até agora disseram que não e que, em alguns casos, há executivos que até descartam essa opção claramente. No entanto, o que mais se fala sim é em revisar os investimentos.
Ao dizerem isso, referem-se aos R$ 13 bilhões anunciados pela montadora para o Brasil ainda em 2017. Deste montante, cerca de R$ 1,5 bilhão seriam para o Rio Grande do Sul. No complexo de Gravataí, seriam fabricados modelos com lançamento previsto para o segundo semestre de 2019.
Há risco sim para o terceiro turno de trabalho que foi retomado em 2017 no Rio Grande do Sul e tinha sido suspenso em 2015, auge da crise econômica. Também é forte o medo de demissões. E não apenas no chão de fábrica, mas na linha de executivos da montadora. Unidades podem ser fechadas e quem acompanha a operação brasileira da montadora sabe que o risco maior está nas unidades de São Paulo.
A tensão envolvendo a GM já está grande o suficiente. Trabalhadores, concessionárias, fornecedores e políticos negociarem com o peso de serem responsáveis por uma eventual saída da montadora do Brasil desequilibra a balança. A montadora está puxando de todos os lados. Como qualquer empresa, irá avaliar depois o que conseguir e então tomar decisões para fazer a conta fechar, o que siginifica ter o lucro que espera da operação brasileira.