Na ata do Copom, o Banco Central voltou a deixar a porta aberta para aumento da taxa de juros. O documento detalha mais ainda a decisão do Comitê de Política Monetária de manter a Selic em 6,5% ao ano na reunião da semana passada. A próxima reunião será no final de outubro, após as eleições.
De um lado, há a pressão da alta do dólar sobre a inflação e também o desequilíbrio das contas públicas, que sustenta o juro alto. De outro, o Copom identifica que o impacto da greve dos caminhoneiros na inflação foi temporário e a ociosidade da economia impede repasse integral de aumentos, apesar da alta de preços administrados, com destaque para os combustíveis e energia elétrica.
"É possível que os ajustes de preços relativos ocorridos recentemente, em contexto com expectativas ancoradas, tenham contribuído para elevar a inflação para níveis compatíveis com as metas, sem constituir risco para a manutenção nesses níveis após concluídos os referidos ajustes", conforme trecho da ata do Copom.
Sobre o câmbio, o Banco Central disse que avaliou o grau de repasse da alta do dólar para os preços. Mas identificou que este movimento tem se mostrado contido.
"(...) com exceção de alguns preços administrados, o nível de repasse tem se mostrado contido. Ponderaram, entretanto, que a intensidade do repasse de movimentos no câmbio para a inflação depende de vários fatores, como, por exemplo, do nível de ociosidade da economia e da ancoragem das expectativas de inflação. O Comitê continuará acompanhando diferentes medidas de repasse cambial, inclusive para medidas de inflação subjacente" - pondera em outro trecho do documento.
Como o cenário está incerto, o Banco Central menciona a importância de cuidar com as sinalizações sobre as próximas decisões. Reforça a necessidade de flexibilidade sobre os rumos da política monetária. Isso depende muito do que ocorrer nas eleições presidenciais, mesmo que a ata não mencione o pleito.