O número de reajustes salariais acima da inflação caiu mais de 80% no Rio Grande do Sul no primeiro semestre de 2018. Foram 319 contra 1.794 no ano passado.
Na média do país, o recuo foi de 75%. Os dados fazem parte do boletim Salariômetro, divulgado pela Fipe.
Conforme dados nacionais do estudo da Fipe, está mais difícil fechar a negociação. A quantidade de negociações concluídas caiu 39,6% no primeiro semestre de 2018 em relação ao de 2017. A queda foi maior nas convenções do que nos acordos.
Há algumas possibilidades para esta queda, conforme a organização do estudo. Uma delas é a exigência dos sindicatos de incluir a contribuição sindical nas negociações, assunto polêmico já que a reforma trabalhista tornou o pagamento facultativo. Após decisão do Supremo Tribunal Federal, o entendimento atual tem sido até que a autorização tem que ser individual do próprio trabalhador. Empresas também tentam tirar cláusulas de convenções.
Os próprios trabalhadores também ficam descontentes e cobram dos sindicatos os percentuais baixos, já que as negociações acompanham a inflação pelo INPC. Há ainda categorias que, durante a crise, fecharam acordo por mais de um ano.
No entanto, apesar da queda, a mediana dos reajustes reais no Rio Grande do Sul ficou bem acima do ano passado. Foi de 0,94% contra 0,52% de 2017.
Além disso, o Rio Grande do Sul subiu no ranking de pisos medianos. Em 2017, estava em terceiro, com R$ 1.205. Passou para primeiro, com R$ 1.253, o piso mais alto do país.
No país, o reajuste mediano de 2018 foi menor do que o de 2017, 2,8% contra 5%. No entanto, a proporção de reajustes acima do INPC em 2018 foi maior que em 2017, ficando em 84,6% contra 79,1%. O INPC está mais baixo e as negociações concluídas provavelmente são de categorias mais fortes.
Caiu bastante também o número de acordos de redução de jornada e salário. Foram apenas 21 em 2018 no país, contra 94 em 2017.
Em junho, o INPC acumulado de 12 meses saltou para 3,53%, contra 1,76%. Foi pressionado pelo aumento nos preços dos alimentos, principalmente. O item pesa mais do que o dobro no orçamento das famílias de baixa renda, em relação ao IPCA, que é a inflação média do brasileiro. Ambos os indicadores são calculados mensalmente pelo IBGE. O INPC considera famílias com renda menor e usado como parâmetro nas negociações trabalhistas.