Como decidir entre comprar ou alugar um imóvel? O dilema é antigo, mas sempre recorrente entre os leitores do Acerto de Contas. Não tem receita que vale para todo mundo. Cada caso é um caso.
A coluna conversou sobre o assunto com a planejadora financeira Letícia Camargo. Antes do aspecto financeiro em si, é preciso avaliar o emocional. O brasileiro sente-se seguro em ter um imóvel próprio, além da vantagem de fazer reformas sem, por exemplo, o proprietário exigir a devolução do bem.
Por outro lado, um casal jovem ainda sem definição sobre o futuro profissional ou da própria relação pode preferir um imóvel temporário, sem tanto compromisso. Neste caso, o aluguel de um imóvel menor é melhor.
- A vantagem do financiamento é que a pessoa está pagando algo que será seu, mas é preciso pensar por quanto tempo o imóvel pode atender às necessidades da família. Ao comprar o bem, ele deve servir por um período de sete a dez anos. A família terá filhos nesse período? Precisará mudar de bairro? - pondera a especialista em finanças.
Neste período de indefinição, uma boa pedida é alugar um imóvel pequeno. Com o menor gasto possível, enquanto decide-se sobre o futuro, a pessoa guarda mais dinheiro para a entrada. Isso reduz o valor a ser financiado, em cima do qual paga-se juros.
A situação mais frequente é a pessoa não ter dinheiro suficiente para comprar o imóvel à vista. Então, fica em dúvida se aluga ou se dá o que tem de entrada e financia o restante.
Nas simulações que faz para clientes, Letícia observa que o aluguel fica próximo da metade do valor da parcela mensal do imóvel em um financiamento de longo prazo, como 30 anos. É preciso considerar isso dentro da renda da pessoa, que também é importante já que bancos costumam exigir que a parcela do financiamento não ultrapasse 30% dos ganhos mensais da família.
Todo o dinheiro
Há ainda aquelas pessoas que têm o dinheiro para comprar o imóvel à vista. A resposta é óbvia, então? Não. É interessante observar o quanto rende este dinheiro investido. Se a rentabilidade real, descontada a inflação, pagaria o aluguel e ainda sobraria, optar por morar em imóvel locado é interessante. Se não, o ideal é comprar mesmo.
Alerta
Importante não raspar a reserva e dar de entrada, alerta Letícia Carmago. Comprar um imóvel gera gastos, como reforma, mobília e tributos. Se você fica sem dinheiro e precisa entrar no cheque especial, paga juros altíssimos.
Simulação
As simulações de financiamentos podem ser feitas diretamente nos sites dos bancos. Se você já tem conta em alguma instituição, é possível pedir melhores condições usando o histórico de cliente. Há ainda sites que fazem a busca em vários bancos usando os mesmos dados informados pelo comprador.
Ouça entrevista da planejadora financeira Letícia Carmargo ao programa Acerto de Contas, da Rádio Gaúcha: