Empresa com sede em Santa Catarina, a Eskimó anunciou uma fábrica de sorvetes no Rio Grande do Sul. A unidade será em São Jerônimo, receberá um investimento de R$ 40 milhões e promete gerar 240 empregos. A notícia é comemorada pela prefeitura.
No entanto, o investimento gera desconforto entre empresários do Estado e alguns políticos do município. O motivo é que o proprietário da Comércio e Indústria de Sorvetes Eskimó, Pedro Reis, foi preso durante alguns dias em fevereiro por sonegação de impostos em Santa Catarina.
Reis foi uma das quatro pessoas que ficaram presas temporariamente na Operação Polo Norte, deflagrada pelo Grupo de Atuação Especial de Combate às Organizações Criminosas, uma força-tarefa que reúne diversas instituições de Santa Catarina, das polícias ao Ministério Público. Foram liberados por colaborarem com a investigação. A Promotoria de Justiça de Criciúma (SC) estima que o grupo de empresários tenha sonegado entre R$ 50 milhões e R$ 60 milhões.
Na ocasião, foram também apreendidos documentos. As informações estão sendo analisadas para que a Secretaria da Fazenda de Santa Catarina calcule o total do crédito tributário. Segundo a promotora Vera Lúcia Coro Bedinoto, será emitida notificação fiscal e, caso os valores não sejam pagos, será apresentada denúncia. Conforme a investigação do Ministério Público, havia venda sem nota fiscal e também subfaturamento. Notas de R$ 100 mil eram emitidas com valores de R$ 7 mil, por exemplo.
Aqui no Rio Grande do Sul, a Eskimó já participou de uma reunião na Secretaria Estadual do Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia no início de março, quando foi falado que o projeto teria acompanhamento da Sala do Investidor. Uma nova reunião está marcada para a semana que vem. Novo titular da pasta, Evandro Fontana disse que o caso será analisado juridicamente e que ainda não foi concedido benefício fiscal algum para a empresa.
Vice-prefeito de São Jerônimo, Julião Cunha afirma que a terraplanagem do terreno já começou. A prefeitura concedeu contrapartidas, a coluna pediu detalhes, mas não foram informados. A empresa também foi contatada, mas ainda não aceitou conversar com GaúchaZH.
Presidente da Associação Gaúcha das Indústrias de Gelados Comestíveis (Agagel), Vanderlei Bonfante diz que a situação deixa o setor apreensivo e preocupado. Cita ações da entidade pela diminuição de impostos para o setor todo.
— Mas confiamos na competência e seriedade das autoridades no que se refere a incentivos, tanto dessa como de qualquer outra empresa que deseje investir no nosso Estado — diz o empresário.