Como previsto, a inflação oficial do país ficou abaixo do piso da meta do Governo Federal. O IPCA fechou 2017 em 2,95%.
Alimentos e bebidas pesam 25% no cálculo do IPCA e o grupo acumulou queda média de 1,87%. Isso porque este é o peso no orçamento de uma família média brasileira, considerada na metodologia do IBGE. O destaque foi a queda de preços de alimentos para consumo em casa. Entre eles, o IBGE chama a atenção para as variações de oito alimentos, comparando com o que ocorreu em 2016:
Veja o que provocou a queda dos alimentos:
Frutas - Aumento na oferta, com o clima ajudando e recuperando safra. Um dos destaques é a banana, que aumentou muito em 2016 e agora teve um ajuste de preços.
Feijão - A área plantada do feijão foi maior em 2017, devido à valorização de preço em 2016. Ao longo de 2017, a qualidade dos grãos do tipo carioquinha esteve comprometida e os melhores feijões foram comercializados a preços ainda altos. Porém, exceto em alguns meses em que a chuva atrapalhou a colheita e a comercialização, a oferta do tipo carioquinha e preto esteve normalizada. No caso do feijão preto, em alguns meses, foi necessário importar o produto da Argentina, o que garantiu o volume necessário para atender a demanda. Com isso, o patamar de preço dos dois tipos de feijão foi reduzido em 2017, observa o Dieese.
Açúcar - Ao longo do ano, o custo do produto no varejo mostrou tendência de queda, devido à retração do preço internacional e à oferta de cana, suficiente para cobrir a procura.
Leite longa vida - Ao longo de 2017, a oferta foi normalizada, entretanto, houve menor demanda, com a redução do poder de compra dos consumidores.
Carnes - Os preços das carnes de primeira estavam em patamares altos desde 2016, e a demanda por patinho, coxão mole ou coxão duro - cortes coletados na pesquisa – teve retração em quase todos os meses do ano, uma vez que, devido à redução do poder de compra, o consumidor deixou de comprar carne de primeira para adquirir outro tipo, mais barato. Houve ainda impacto da crise da JBS, na avaliação de alguns empresários do setor supermercadista.
Arroz - Baixa demanda dos centros consumidores e estoques altos explicaram a redução de valor do produto em 12 meses.
— Tivemos também os efeitos da política monetária. Quando fazemos o dever de casa, as coisas começam a aparecer - disse a economista-chefe da Federação do Comércio de Bens e Serviços do Rio Grande do Sul (Fecomércio-RS), Patrícia Palermo, em entrevista ao programa Gaúcha Atualidade.
O piso era 3% e haverá uma burocracia agora. O presidente do Banco Central, Ilan Goldfajn, terá que mandar uma carta pública ao Ministério da Fazenda dizendo o motivo de a meta não ter sido cumprida. Mas isso não é um problema. O índice está até sendo comemorado. No fundo, o aumento da oferta que permitiu a redução dos preços dos alimentos é comemorada por manter a inflação baixa apesar dos talagaços com aumento da gasolina, gás de cozinha e energia elétrica.