O primeiro debate entre os candidatos presidenciais nada debateu. Os entreveros foram simples trocas de breves alfinetadas simulando diferenciações, sem apontar caminhos concretos sequer sobre a corrupção. Como se o futuro não existisse, ninguém abordou os grandes temas.
O crime foi tratado como estatística da insegurança pública. Os 63 mil homicídios anuais (mais do que os mortos na guerra da Síria) pareciam cair das nuvens. Nenhuma palavra sobre o narcotráfico ou sobre o conluio secreto que faz com que o "combate à droga" só amplie o poder do crime, sem exterminá-lo.
Nada foi dito sobre a degradação do meio ambiente que, mundo afora, une ciência e política. Nem sobre os agrotóxicos que (proibidos na União Europeia e nos EUA) aqui põem em risco a saúde humana ao contaminar solo e rios.
A educação foi tratada como se fosse o ano 1900 e tudo se resumisse à sala de aula e à casa paterna. Hoje, a TV e os meios eletrônicos de comunicação entram casa adentro e educam mais do que a família ou a escola, mas os "presidenciáveis" não sabem disto…
Demagogicamente, todos prometeram combater o desemprego "criando empregos", sem indicar, porém, caminhos concretos, como se guardassem no bolso o segredo da poção mágica.
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No mesmo dia do debate, soube-se que, tão só no segundo trimestre do ano, os quatro maiores bancos do país (Itaú, Bradesco, do Brasil e Santander) lucraram quase R$ 17 bilhões. Os juros brutais cobrados no Brasil, porém, foram apenas mencionados por alguns (como Álvaro Dias, Boulos e Ciro Gomes) sem propor soluções.
Numa mostra de que, mesmo diferentes, todos são uma cópia entre si, o candidato de Temer e do MDB, o banqueiro Henrique Meirelles, foi o único a elogiar a gestão do ex-presidente Lula da Silva. Assim, o ex-diretor do Bank of Boston (e do Banco Central na gestão de Lula) substituiu o PT, ausente do debate por ter um candidato encarcerado.
Afinal, quem saiu-se melhor? Ciro Gome s mostrou-se seguro sobre o momento atual, mas (traído pela tolice em que transformaram a política), prometeu "tirar do SPC todos os devedores", numa iniciativa esdrúxula e demagógica, em busca do voto dos endividados…
O debate apontou, porém, a transparência dos candidatos.
Com pequenas variantes, cada um mostrou ser a cópia xerox do outro. Já não é preciso fazer previsões, tudo está à mostra. O problema é que nada é mais ilegível do que um xerox de outro xerox que produza cópias de intermináveis xerox…