O caso da denúncia de injúria racial de Edenilson contra Rafael Ramos, durante o jogo Inter x Corinthians, não teve acordo. Os jogadores, acompanhados dos advogados, participaram de audiência online no início de agosto, e não houve consenso sobre o desfecho da situação.
O lateral da equipe paulista insistiu na versão de que utilizou palavras de baixo calão, sem a utilização de termos racistas. Edenilson estaria disposto a encerrar o caso se Rafael Ramos tivesse admitido que praticou injúria racial.
Com o prazo para acordo esgotado, a partir de agora o caso será remetido ao Ministério Público, que vai decidir se o processo será aberto, com denúncia, ou arquivado.
O caso
As primeiras provas do inquérito foram colhidas ainda na noite de 14 de abril, quando Inter e Corinthians se enfrentaram pelo Brasileirão. Na ocasião, o jogador colorado alegou ter sido chamado de "macaco" pelo lateral-direito Rafael Ramos, do time paulista.
No Beira-Rio, o delegado plantonista Carlo Butarelli ouviu os dois jogadores e decretou a prisão em flagrante de Ramos por injúria racial. O jogador foi liberado após o Corinthians pagar uma fiança no valor de R$ 10 mil.
A defesa da Rafael Ramos, no entanto, apresentou outra versão do que teria dito o jogador. De acordo com o advogado Fabiano Cerveira, em entrevista ao programa Sala de Domingo, da Rádio Gaúcha, um dia após o fato, o português fez um xingamento a Edenilson usando o termo “mano, caralho”.
Em 8 de junho, o IGP divulgou o laudo da perícia labial informando que não foi possível concluir o que Rafael Ramos disse a Edenilson. Ao "Hoje nos Esportes", da Rádio Gaúcha, naquele dia, a diretora do Departamento de Criminalística do Insituto-Geral de Perícias (IGP), Sheila Wendt, explicou por que a perícia não conseguiu apresentar uma conclusão.
— Para estabelecer algum resultado, a gente usa uma metodologia científica, que precisa ser testada e aprovada. Em várias áreas da perícia, temos metodologias consagradas. Qualquer análise tem que ser possível de ser repetida por outro perito, que chegará ao mesmo resultado. Neste caso, recebemos o pedido de leitura labial e procuramos nacionalmente e internacionalmente se existia alguma metodologia, e não há. Então, se posicionar para tecer qualquer consideração sobre uma leitura labial, atualmente, é exploratório, é uma opinião. Pode ser baseado em algum conhecimento que a pessoa tenha, como um surdo-mudo, mas não é prova científica — declarou a diretora do IGP, sobre o laudo solicitado pela Polícia Civil, baseado nas imagens da partida.