A notícia foi absolutamente surpreendente. Depois de ser campeão da Copa Sul-Americana com o Athletico-PR e participar ativamente do processo de montagem do grupo de jogadores para a Libertadores deste ano, o diretor-executivo Rui Costa foi demitido do cargo. A notícia foi confirmada no dia 31 de janeiro. Nesta segunda-feira (4), ele decidiu falar com calma sobre o que aconteceu. Confira o resumo da minha conversa com o dirigente, que iniciou a trajetória de executivo no Grêmio, e teve passagem também pela Chapecoense:
Como você recebeu a notícia da saída do Athletico depois de participar das contratações de 2019?
Eu agradeço às pessoas que me trouxeram para o clube. Não posso deixar de dizer que fiquei surpreso, mas o importante é o que você deixa e por onde você sai. Acredito em projetos longevos, mas acho que, apesar do período curto, pouco mais de seis meses, tive oportunidade de trabalhar com pessoas importantes e conquistar um título relevante, que é a Copa Sul-Americana. O título foi muito importante para a minha carreira, até porque com a conquista tive oportunidade de conseguir a sexta classificação para a Libertadores na minha carreira.
Normalmente, o diretor é demitido quando os resultados não acontecem, o que não foi o caso. Como foi a explicação da saída?
Com toda sinceridade, não houve uma justificativa. Apenas se falou na necessidade do presidente fazer algumas mudanças já no começo do ano. Claro que eu quis saber o que aconteceu, se houve algum problema no trabalho. E o que foi me dito é que não houve nada. Claro que eu e meus companheiros de trabalho ficamos surpresos, mas prefiro pensar no que fiz e sair pela mesma porta que entrei.
A relação com Mário Celso Petraglia é difícil?
Sempre tive com o Petraglia uma relação de respeito. Ele é um homem de personalidade muito forte, mas nunca tive problemas com ele. Nunca houve nada que pudesse justificar uma ruptura. Ele tem suas convicções e sempre segui as diretrizes do clube. Posso garantir que a saída antecipada não tem nada a ver com isso.
Acompanhando a movimentação do mercado, o que é possível esperar desta Libertadores?
Os grandes brasileiros acostumados à Libertadores são sempre favoritos. Além disso, os argentinos estão fortalecidos, apesar da desvalorização da moeda. Os clubes tradicionais da Argentina seguem fortes. Também acho que poderemos ter surpresa com o futebol paraguaio. O Olimpia se preparou bem. A Libertadores é cada vez mais uma competição de elenco, pois dura quase um ano. Acho que a final vai ficar entre clubes do Brasil, Argentina ou Paraguai.
Você vasculhou o mercado em busca de contratações no final do ano. Em fevereiro, ainda é possível acha algum reforço de qualidade?
O mercado argentino está muito interessante, pois os jogadores querem sair. É possível achar jovens com talento. No Paraguai, também. Aliás, os clubes argentinos estão buscando jogadores no Paraguai. O River acabou de contratar um lateral do Guaraní. Os clubes brasileiros podem olhar melhor este mercado. Para clubes que não têm o orçamento de Palmeiras e Flamengo, se você conseguir apresentar um bom projeto, pode trazer um bom jogador. Essa foi a ideia quando fiquei uma semana na Argentina convencendo o Marco Ruben a jogar no Athletico.
Como será o seu futuro?
No começo do ano, os clubes estão com o seu grupo de trabalho organizado. Ninguém vai trocar. Vou fazer o que sempre faço. Me especializar, estudar, observar o mercado e ampliar o banco de dados. Além de cuidar da família, o que é muito importante.