Entre os clubes brasileiros que disputarão a Libertadores de 2019, Grêmio e Inter estão longe de possuir os maiores investimentos da janela de transferências. Pelo contrário, até agora, os reforços anunciados chegam a baixo custo, seja por empréstimo, como o volante Rômulo, por trocas, como a envolvendo Rodrigo Lindoso, ou porque estavam livres no mercado — como o goleiro Julio César ou o atacante Rafael Sobis. Contudo, conforme o jornalista especializado em economia e negócios do esporte, Rodrigo Capelo, há diferenças entre os dois gaúchos.
— O Grêmio vem de uma temporada muito boa. Foi o melhor ano do ponto de vista financeiro entre os clubes de Série A. Ele não tem o mesmo faturamento de Flamengo e Corinthians, mas reduziu despesas, pagou dívidas e se preparou para fazer um 2019 muito melhor. Não está mal das pernas, apenas não está contratando porque tem a estratégia de recuperar jogadores. E trouxe reforços muito bons, que todo clube de primeira divisão gostaria de ter. E faz isso sem gastar muito. Já a situação do Inter não é favorável como a do Grêmio. Sempre gastou muito, tendo uma das maiores folhas salariais do país, e precisa fazer esse ajuste. A saída do Damião vai baixar a folha. É compreensível que não faça contratações muito altas. Está a um passo atrás — avalia Capelo.
Nesta janela de transferências, nenhum outro brasileiro gastou mais do que o Flamengo: quase R$ 80 milhões. Pelo zagueiro Rodrigo Caio, do São Paulo, foram gastos 5 milhões de euros (cerca de R$ 22 milhões). Agora, para tirar o meia De Arrascaeta do Cruzeiro, foram mais 13 milhões de euros (mais de R$ 55 milhões), parcelados em três vezes. Isso sem contar o atacante Gabigol, trazido por empréstimo junto à Inter de Milão — embora tenha de arcar com um salário mensal acima do R$ 1 milhão. Contudo, grande parte desta quantia vem da venda de Lucas Paquetá ao Milan, por quase R$ 150 milhões.
Logo atrás aparece o Palmeiras, que, embora tenha anunciado mais nomes, gastou menos — cerca de R$ 60 milhões. Elogiado ao longo de 2018 por ter um grande elenco, o time paulista começou a busca por reforços já no final da temporada, quando pagou R$ 5,5 milhões ao Ceará pelo atacante Arthur Cabral e R$ 14,5 milhões ao Bahia pelo meia Zé Rafael. A contratação mais cara, no entanto, foi a do atacante Carlos Eduardo, ex-Goiás: em torno de R$ 25,5 milhões ao Pyramids, do Egito.
— São clubes que faturam muito e não precisam vender jogadores para não falirem. O Palmeiras tem a patrocinadora e o estádio, que dá muito dinheiro. O Flamengo tem a patrocinadora e a venda recente do Lucas Paquetá, que permite que as compras sejam feitas — conclui o especialista.
O São Paulo, que chamou a atenção por tirar Pablo do Athletico-PR (R$ 26,5 milhões) e trazer Hernanes de volta da China (R$ 13 milhões), também não fica tão atrás assim. Foram mais de R$ 45 milhões gastos nas últimas transações. Mas, da mesma forma, é um dinheiro arrecadado das vendas recentes de Pratto, Cueva, Petros e Éder Militão.
— O São Paulo tem um perfil até parecido com o do Inter, que se acostumou a vender jogadores muito jovens. O problema é quando essa roda para de girar. Foi o que aconteceu com o Inter — destaca Capelo.
O Atlético-MG, por sua vez, contou com a ajuda do investidor BMG para desembolsar R$ 13 milhões para tirar o zagueiro Igor Rabello do Botafogo. Também comprou parte dos direitos do lateral Guga junto ao Avaí. Mas os valores não foram revelados.
Entre o restante dos clubes, as transações estão sendo muito semelhantes às da dupla Gre-Nal. O Athletico-PR, por exemplo, pagará ao Rosario Central, da Argentina, US$ 200 mil (pouco mais de R$ 700 mil) pelo empréstimo do centroavante Marco Ruben. O Cruzeiro, além da troca com o Fluminense entre Jadson e Bruno Silva, garantiu com o Ajax, da Holanda, o empréstimo do lateral Luís Orejuela. Nada muito diferente dos investimentos gaúchos. Por Felipe Vizeu, o Grêmio promete pagar 1 milhões euros (pouco mais de R$ 4 milhões), enquanto o Inter adquiriu 25% do passe de Guilherme Parede por R$ 1,5 milhão.
Confira como os brasileiros que disputam a Libertadores se reforçaram:
Flamengo
CHEGARAM: Gabigol (A), Rodrigo Caio (Z), Arrascaeta (M)
SAÍRAM: Rômulo (V), Réver (Z), Marlos Moreno (A), Lucas Paquetá (M), Geuvânio (A)
Palmeiras
CHEGARAM: Arthur Cabral (A), Zé Rafael (M), Matheus Fernandes (V), Carlos Eduardo (A), Felipe Pires (M)
São Paulo
CHEGARAM: Pablo (A), Tiago Volpi (G), Hernanes (M), Igor Vinícius (L), Léo Pelé (L), Biro Biro (A), Willian Farias (V)
SAÍRAM: Rodrigo Caio (Z), Sidão (G), Régis (L), Auro (L), Shaylon (M)
Athletico-PR
CHEGARAM: Robson Bambu (Z), Marco Ruben (A)
SAÍRAM: Wanderson (Z), Pablo (A), Raphael Veiga (M), Guilherme (M)
Atlético-MG
CHEGARAM: Réver (Z), Guga (L), Igor Rabello (Z), Jair (V)
SAÍRAM: Gabriel (Z), Tomás Andrade (M)
Grêmio
CHEGARAM: Julio César (G), Rômulo (V) e Montoya (M)
SAÍRAM: Marcelo Grohe (G), Bruno Grassi (G), Bressan (Z), Ramiro (V), Cícero (V) e Douglas (M)
PODE CHEGAR: Felipe Vizeu (A)
Inter
CHEGARAM: Rodrigo Lindoso (V), Neílton (A), Guilherme Parede (A) e Rafael Sobis (A)
SAÍRAM: Fabiano (L), Gabriel Dias (V), Rossi (A), Leandro Damião (A)
PODE CHEGAR: Matheus Galdezani (V)
Cruzeiro
CHEGARAM: Jadson (V), Luís Orejuela (L)
SAÍRAM: Rafael Sobis (A), Ezequiel (L), Bruno Silva (V) e Arrascaeta (M)