Você obviamente sabe que dia é amanhã, pois não? Claro! Não há quem ignore que, desde 2016, o terceiro sábado de fevereiro é o Dia Mundial do Pangolim. O pangolim vem se enrolando neste planeta faz tempo: mais precisamente desde a Idade Campaniana do Período Cretáceo da Era Mesozoica.
Trocando em graúdos, essa mistura de tamanduá com tatu, todo recoberto de escamas, anda por aí há 80 milhões de anos. Ou seja, 80 vezes mais tempo do que o Homo (e do que a mulher...) sapiens. Então por que os humanos, que têm convivido com o pangolim há 800 mil anos, levaram tanto tempo para criar o tão aguardado Dia Mundial do Pangolim? Ora, simplesmente porque faz só duas décadas que esse estranho, misterioso e escamado ser pré-histórico virou o animal mais traficado do planeta.
Capaz de enrolar-se como um tatu e provido de uma armadura profusamente dotada de escamas, o pangolim, quando acuado, se transforma numa bola escamosa dura feito pedra. Tal habilidade o ajudou a sobreviver por 800 milênios. Mas agora são justo suas escamas — bem como a tenra carne por trás delas — que o estão levando à extinção. Os pangolins são os únicos mamíferos do planeta a ter escamas. Elas são tão duras, que uma armadura feita com escamas folhadas a ouro foi dada, em 1820, ao rei inglês Jorge III por súditos da Malásia.
O nome pangolim vem do malaio penguling, que significa "aquele que se enrola". Pouco maior do que um tatu, eles moram no oco das árvores ou em fundas tocas. São animais noturnos, tímidos e solitários. Só uma vez por ano a fêmea, atraída pelo odor da urina do macho, o procura para que se acasalem. Três meses depois, nasce um gracioso bebê pangolim (um pangolinzinho), que se alimenta de formigas e cupins. Com sua língua de 40 centímetros, um pangolim come cerca de 70 milhões de formigas por mês.
Em abril de 2013, 11 toneladas de pangolim foram apreendidas num barco que ia das Filipinas para a China, onde as escamas são tidas como medicinais e a carne como afrodisíaca. Em maio de 2016, um sujeito foi preso com 650 pangolins no freezer: um tesouro congelado, pois cada pangolim vale até US$ 3 mil no mercado negro. Mais de 100 mil pangolins entram ilegalmente na China por ano — vivos ou mortos.
Na primeira sexta-feira de fevereiro de 2020, cientistas chineses revelaram ao mundo que a sequência genética de um vírus extraído de pangolins é 99% similar ao 2019nCov — que atende pelo nome de "novo coronavírus".
Hoje é a segunda sexta-feira de fevereiro. E amanhã, o terceiro sábado, é, você bem sabe, o Dia Mundial do Pangolim.
Boas festas.