Foi a vitória da máscara contra a bisnaga, do salão contra a rua, da elite contra o povaréu prosaico e mal ensinado. Foi, por fim, "o triunfo da razão contra o limão de cheiro", como já houve quem tenha dito. Mas o fato é que quando o Carnaval substituiu o entrudo, o que se deu foi a vitória de uma festa afrancesada contra uma genuína explosão das ruas – explosão que, de alegria, foi se tornando progressivamente violenta. Até que a sociedade houve por bem acabar com o folguedo popular de origens lusitanas que tão bem havia se aclimatado ao Brasil. E foi então, por volta de 1850, depois de mais de 200 anos de farras e banhos e discórdias e pequenas vinganças, que o "entrudo" virou "Carnaval". E instalou-se primeiro nos salões, a seguir nos corsos de automóveis e depois nas elegantes "batalhas de flores", das quais só os donos de veículos "adornados" tomavam parte, enquanto o povo, bestializado, olhava a banda passar.
O Entrudo
Neste Carnaval, sairei de laranja
Desfilarei sem ordem unida no BSL com minha bisnaga repleta de líquido amarelado. Cuidado comigo!
Eduardo Bueno