Meu amor é eloquente como o silêncio e murmura feito as fontes do Bizâncio. Meu amor sorri como as flores e se veste de três metros de meio-dia. Meu amor se despe, insinuante qual as ondas, e então pisca de soslaio, igual Gioconda. Meu amor desliza sem sobressaltos, de pés descalços, ao som e à luz do céu profundo, tão prenhe de ideias e ideais. Por isso, por vezes, meu amor perde o sono e o siso: solta chispas e faíscas, lança flamas e se inflama da mais pura violência – virulência poética, é claro. Meu amor não precisa dizer que é fiel: ela é transparente como água, transcendente feito o fogo. Meu amor é acetinada qual veludo e fragrante feito o lírio. Mas prefere violeta – nas roupas, ao crepúsculo, nas almofadas junto à lareira que crepita.
Paulatinamente
Meu amor tem um anel de ouro trançado que reluz quando ela sorri
Fui eu quem dei. E fui eu que a apreendi
Eduardo Bueno