Uma atitude que mostra respeito com a arbitragem do quadro nacional. A CBF anunciou que antecipará taxas para ajudar quase 500 árbitros durante a crise imposta pela pandemia de coronavírus. Todos eles receberão o equivalente ao maior valor recebido em uma partida trabalhada no ano de 2019. De acordo com o chefe de arbitragem da CBF, Leonardo Gaciba, a medida é uma "questão de respeito" e mostra que há um terceiro time em campo: o do apito. Ele tem toda a razão.
Gaciba conhece a realidade, compreende as dificuldades enfrentadas pelos árbitros e demonstra sensibilidade que talvez nunca tenha havido na forma de conduzir a gestão do quadro nacional.
— Vocês não têm noção da importância disso para esses profissionais que trabalham com arbitragem. Eles estavam muito preocupados para dar um suporte mínimo para suas famílias. Mesmo antes de fechar um mês, a CBF está dando esse aporte que mostra uma nova cara. É questao de respeito com a arbitragem — disse Leonardo Gaciba em entrevista ao programa Show dos Esportes, da Rádio Gaúcha, nessa quarta-feira (1).
O valor somado das taxas que serão repassadas a exatos 479 profissionais do apito representará um desembolso de R$ 800 mil dos cofres da entidade nacional. A princípio, a ajuda não tem prazo estabelecido porque não se sabe ao certo de quanto tempo será a paralisação do futebol. Além disso, os valores são uma antecipação de taxas futuras dos árbitros.
— A gente não pensou ainda a forma como será feito o desconto. É um adiantamento, sim. A palavra é dos próprios árbitros. Eles não querem ajuda, ganhar dinheiro. Queriam ter um adiantamento para tocar a vida. Como isso será descontado é outro assunto. Nosso objetivo era chegar na ponta da corda. Na necessidade do árbitro. Até o dia 4 (de abril) acredito que a gente consiga pagar — acrescentou Gaciba, que revelou também que os árbitros estarão fazendo testes de vídeo e recebendo orientação sobre treinamentos físicos de maneira online por parte da CBF.
Vale ressaltar que há uma quantidade enorme entre esses beneficiados pela medida da CBF que vivem exclusivamente da arbitragem. Há aqueles que, por toda dedicação que o apito exige, dependem de outras atividades paralelas, que também estão paradas. Por tudo isso, não resta dúvida de que estamos falando de uma atitude que representa garantias mínimas para que essas pessoas possam enfrentar essa forte turbulência.
Conversei com o principal juiz do Rio Grande do Sul sobre o assunto. Anderson Daronco fez questão de ressaltar que há um sentimento de agradecimento por parte dos árbitros.
— É uma atitude que demonstra não só o respeito, mas também o carinho e a valorização profissional e humana pela forma com que esta gestão da CBF e a comissão nacional tratam os árbitros — disse o gaúcho que também faz parte do quadro da Fifa.
A arbitragem é uma das pontas fundamentais do futebol, mas é também a parte mais frágil. Para se cobrar respeito com os árbitros e as regras do jogo, antes é necessário demonstrar que isso existe internamente. Parabéns, Gaciba. Foi um golaço!