Um questionamento não sai da minha cabeça depois de assistir por várias vezes à joelhada dada por Éder Sciola em Luan. Se esse foi um lance normal, o que precisaria ser feito pelo jogador do Brasil-Pel para caracterizar uma falta para cartão? Cada um pode encontrar a resposta que quiser para esta pergunta. A conclusão a que cheguei é de que quem é contra o segundo amarelo e a expulsão de Sciola está aprovando a violência no futebol.
Não consigo admitir que um jogador que salte com o joelho projetado na direção das costas de um adversário possa, em algum momento, estar visando a bola. Não consigo compreender essa como uma ação de jogo. Por isso, estou declarando uma guerra de argumentos contra os que querem passar a mão na cabeça do jogador do Brasil-Pel.
Vamos ao que diz a regra do futebol. O texto da lei define três níveis de intensidade para uma infração
Imprudente
Significa que o jogador comete uma infração de maneira desatenta em uma disputa. Ou seja, não há risco para o adversário e, por isso, o amarelo não deve ser aplicado.
Temerária
Significa que o jogador não considera o risco ou as consequências para o adversário. O amarelo deve ser aplicado.
Uso de força excessiva
Significa que o jogador excede a força necessária e assume o risco de causar lesão em um adversário. O cartão vermelho deve ser apresentado.
Vou tentar ilustrar as três situações para definir parâmetros de análise. Com a primeira, quero demonstrar o uso de força excessiva. Vou lembrar o lance de Zúñiga em Neymar na Copa de 2014. Naquela oportunidade, o colombiano faz uma alavanca e impulsiona o joelho na direção das costas do adversário. Uso claro de força excessiva. Tanto que quebrou a coluna do brasileiro. Lance para vermelho direto.
O lance de Éder Sciola é parecido com o de Zúñiga. No entanto, há uma diferença fundamental. A força empregada é menor. Por isso, considero que essa jogada seja uma boa maneira de ilustrar uma disputa temerária. Ou seja, deve ser punida com amarelo. Mesmo com o objetivo de se proteger, o lateral do Brasil-Pel coloca o joelho para a frente e não leva em consideração o risco de atingir as costas de um adversário que não tem como se proteger. Se você acha que Éder Sciola não teve maldade, eu concordo. Se você acha que Éder Sciola deveria ter batido com mais força para levar amarelo, eu discordo. Isso seria aprovar a violência no futebol. Bater com mais força em uma jogada desta natureza seria lance para vermelho direto.
Por fim, descarto de forma veemente considerar a disputa de Éder Sciola uma jogada meramente imprudente. Um lance de jogo seria diferente. Interpretaria dessa forma caso o atleta do Brasil-Pel tivesse tido um choque de corpo com Luan. Sem meter o joelho nas costas do adversário. Ou seja, saltando para disputar efetivamente a bola aérea com a cabeça e não da forma como foi.
Cabe ressaltar que não foi uma jogada violenta. Foi perigosa. Como já tinha recebido um cartão amarelo correto, Éder Sciola foi bem expulso. Anderson Daronco tomou a única decisão possível dentro de campo. Qualquer outra coisa seria acomodar um lance claro de amarelo por se tratar de uma falta cometida por um atleta que estava "pendurado".