Os últimos dias foram marcados por articulações e votações tensas em Brasília, ocupando boa parte do noticiário dos veículos da Redação Integrada. Isso não significa que os fatos políticos acabaram sendo predominantes na definição das pautas do nosso dia a dia. A capa desta edição, por exemplo, traz dois assuntos que estão muito próximos do cotidiano da população.
A manchete é sobre um levantamento minucioso de todas as mulheres que foram vítimas de feminicídio no ano passado. Ao verificar o Mapa dos Feminicídios da Polícia Civil de 2022, chamou atenção da repórter Leticia Mendes o fato de que cerca de 20% das mulheres assassinadas tinham medida protetiva dos órgãos oficiais. O que havia falhado para que essas mulheres, que deveriam estar protegidas, tivessem sido mortas? Diante desta e de outras perguntas, Leticia iniciou uma investigação. Como não podia mais ouvir as vítimas, criou fórmulas que lhe permitissem identificar as razões. O trabalho foi árduo, tanto no mergulho nos documentos como na análise do questionário que ela formulou para entender cada caso.
– Ouvir filhos, filhas, irmãs, pais e mães que passaram por essas perdas trágicas foi muito difícil. Mas o mais difícil foi ler a palavra dessas vítimas e saber que elas estavam certas, que tinham razão em ter medo ao denunciarem a violência que sofriam. Ler uma palavra afirmando “ele disse que vai me matar” e saber que ele realmente concretizou essa promessa é devastador –conta Leticia.
A reportagem, publicada no caderno DOC, com fotos de Ronaldo Bernardi, foi produzida ao longo do curso “Jornalismo investigativo: da hipótese à construção da narrativa”, promovido pela Associação Brasileira de Jornalismo Investigativo (Abraji), com apoio da embaixada e dos consulados dos EUA no Brasil. A repórter teve mentoria da jornalista Angelina Nunes, coordenadora do Programa Tim Lopes.
Já a foto que ilustra a capa mostra aos nossos leitores um investimento importante que está sendo feito na área da saúde, com a construção de mais um hospital no Complexo Santa Casa, na Capital. Com doações que chegam a R$ 220 milhões, o Nora Teixeira é uma notícia importante para os gaúchos. Como destaca a editora Rosângela Monteiro, a inauguração de um hospital deve ser celebrada e conhecida por todos, ainda mais quando o empreendimento é erguido graças à mobilização de famílias e empresas. A repórter Larissa Roso, que percorreu o prédio (a ser inaugurado em outubro) junto com o fotógrafo Mateus Bruxel, sintetiza a importância desse novo hospital:
– O projeto foi todo pensado no bem-estar dos pacientes e dos familiares. Instalações supermodernas, equipamentos de ponta, possibilidade de acompanhante 24 horas por dia na UTI, além de uma série de detalhes que fazem com que o hospital não pareça um hospital.
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