A partir deste fim de semana, ocuparei este espaço semanal em substituição ao meu colega Carlos Etchichury, que agora é gerente-executivo de Esporte de GZH, Gaúcha, ZH e DG. Assumo como editora-chefe às vésperas de ZH completar 56 anos (nesta segunda-feira, dia 4) e num momento atípico e ainda mais desafiador para o jornalismo.
Nestas mais de cinco décadas de existência, foram muitas as transformações do jornal para conseguir acompanhar a evolução da comunicação e se adaptar às necessidades dos leitores. Destes 56 anos, em 25 deles tive a oportunidade de vivenciar essas mudanças.
Comecei em ZH como repórter de política em 1994. Era então o auge de um Rio Grande polarizado politicamente. O rádio e a TV davam as informações do momento. O jornal em papel trazia no dia seguinte as notícias completas, junto com análises e opiniões. Em 1994, a internet engatinhava no Brasil. As redações de ZH, Gaúcha e RBS TV pouco se comunicavam. Chegavam a ser, em determinados momentos, concorrentes.
Ao me tornar editora de Política, em 2012, ZH já tinha profissionais multimídia, que faziam suas reportagens para impresso, rádio e TV, e a mudança nos hábitos de consumo já era uma realidade, embora não ao alcance de todos. Em 2016, quando me transformei em editora de uma área mais ampla de hard news (política, economia, mundo, segurança), o papel de informar já não era mais nosso único foco. Com o bombardeio de conteúdos falsos nas redes sociais, a certificação e a curadoria ganharam relevância. E a integração entre as redações da RBS avançava, mas ainda havia obstáculos a remover. Um grande passo foi dado em 2017, com GaúchaZH, plataforma digital que surgiria da união dos sites de notícias de Zero Hora e Rádio Gaúcha.
Em 2018, mesmo ano em que assumi como coordenadora do Grupo de Investigação da RBS (GDI), os últimos obstáculos foram derrubados. Uma redação integrada começou a surgir, com ZH, Rádio Gaúcha e Diário Gaúcho trabalhando em um mesmo ambiente, tendo GaúchaZH como a mídia agregadora dos conteúdos produzidos por esses veículos. O jornalismo que fazemos não é mais exclusivo de um ou de outro veículo. O que nos diferencia na redação integrada é a forma como entregamos a notícia nas diferentes mídias do Grupo RBS.
Chegamos a 2020 e os desafios continuam. Vivemos momento de incerteza mundial provocada por uma pandemia que nos obrigou a esvaziar momentaneamente nosso ambiente de trabalho. Desde o final de março, somos uma redação integrada virtual, mas que continua fazendo aquilo que sabe fazer de melhor: jornalismo de relevância, que informa, elucida e, sobretudo neste momento, combate a desinfomação.