Tirando o placar — um 3 a 1 atípico sobre um bom time como o Juventude — não há surpresa. O Inter já vinha dando sinais de evolução nas mãos de Roger Machado.
Críticos mais afoitos o desaprovaram com um peso nunca visto para um técnico em começo de trabalho. Diziam que o time havia virado só balonismo e chutão, como se fosse sair do buraco em que o Colorado estava metido da noite para o dia.
O plano de Roger era óbvio: pragmatismo no início, reduzindo a margem para os erros de passe que antes produziam fracassos em série.
Nesse meio tempo, com semanas cheias de treino, Paulo Paixão trataria de dar força ao grupo, virtude que se perdeu na Era Coudet.
Com o tempo, as ligações diretas e a menor valorização da posse de bola dariam lugar a um time de mais construção.
A maneira como o Inter ganhou facilmente do mesmo Juventude que antes o golpeava já indica um time mais solto. Algumas vezes usei essa expressão no Sala de Redação: "Quem não conhece como Roger gosta de jogar?"
Era questão de tempo para ele soltar o Inter. Atuação indesculpável mesmo, com Roger, só aquela derrota medonha para o Atlético-GO.
Roger sacou Renê e Robert Renan, que erram. Simplificou a saída de trás. Valorizou a base, sempre o DNA colorado. Deu espaço de verdade a Gabriel Carvalho, que ganhou confiança. Por que tanta demora para apostar em um talento tão óbvio? Gustavo Prado está leve.
Roger recuperou Borré. O objetivo primordial — não cair — , a julgar pelo rendimento e aproveitamento recente, parece que será cumprido sem sofrimento.
Força mental
O mérito maior pela recuperação colorada no Brasileirão é de Roger e Paulo Paixão, mas não se pode esquecer da chegada de D’Alessandro.
Os últimos jogos foram de força mental e têmpera diferentes. É preciso até ajustar o tom: Thiago Maia recebeu um amarelo desnecessário, no começo da partida, que poderia ter tisnado sua melhor atuação pelo Inter.
Com o ídolo no vestiário, já são sete pontos em nove, com direito aquela atuação raçuda no Mineirão.