Trocar de técnico antes do fim de um ciclo mínimo, no fim do ano, nunca é bom. Pode até ser um mal necessário, às vezes a partir de informações de bastidores das quais nem dispomos, mas bom não é. É uma cultura que temos de mudar, inclusive para os jogadores saberem que se der errado todos estão no mesmo barco até o fim e não só o treinador.
Dito isto, Roger Machado é um acerto do Inter. Por alguns motivos. Ser da aldeia é o menos importante. O mais relevante é: ele é bom.
Mas o que o empurrou para o Beira-Rio são outras três razões. Conhece o elenco que treinará. Para bolar armadilhas e antídotos ao ponto de eliminá-lo no Gauchão e na Copa do Brasil, teve de descer às entranhas deste Inter. Sabe os atalhos.
Por fim, Roger e Coudet rezam por evangelhos diferentes, mas a religião é a mesma: ofensiva, sem chutão. A adaptação é menos traumática.
Grande desafio
Junto de Roger vem Paulo Paixão. O sonho de unir Abel, Magrão e Paulo Paixão sugere uma trindade divina capaz de domar estrelas, blindando Roger para pensar só no campo.
Pode dar certo? O próprio Coudet assume no meio do caminho e quase vai à final da Libertadores passada. Em 2010, o bi da América chega com Celso Roth só a partir da semifinal, já que Jorge Fossati vinha mal no Brasileirão. A parada para a Copa deu algum tempo a Roth, mas foi mudança com o bonde andando.
Como manter a ideia protagonista em meio ao cansaço pós-enchente? Eis o desafio de Roger, o maior da carreira de técnico, por tudo que envolve. Inclui remontada sobre o Rosario na repescagem da Sula, afastamento das cercanias do Z-4 e as restrições por estar na Calçada da Fama tricolor. É a última cartada para salvar a temporada, após tantas decepções com um grupo caro de futebol pobre.