Abordei o tema quando saiu a denúncia da Federação Inglesa, mas retomo agora que a CBF manteve Lucas Paquetá entre os convocados para a Copa América. A presunção da inocência é um direito do jogador e de qualquer cidadão, portanto temos de ter cuidado. Ele não foi punido a nada.
O problema é que a denúncia de supostamente receber cartões amarelos de propósito para beneficiar terceiros através de sites de apostas saiu do campo do “minha palavra contra a sua” ou da fofoca.
Agora é uma entidade com mais de um século de vida que o denunciou, após investigações preliminares. Ele pode ser inocente? Sim, só que obviamente a acusação ganhou peso. A Federação Inglesa tem credibilidade e responsabilidades. Não faria uma denúncia à toa. Se fez, é porque encontrou indícios que têm de ser checados, segundo sua avaliação.
A luta contra a manipulação de resultados é algo muito sério na Europa. A Federação Inglesa deu prazo até a próxima segunda-feira (3/6) para ele se explicar oficialmente.
Minha opinião é de que a CBF tinha de desconvocá-lo no mínimo até esse prazo, para mandar uma mensagem de intolerância radical contra manipulação de resultados. E para deixá-lo focar na sua defesa, já que jura inocência.
Se a denúncia persistir após a próxima segunda-feira (3), e Paquetá jogar a Copa América normalmente, a confusão pode até atrapalhar a Seleção e o desempenho do jogador. Pode apostar que a cada entrevista o assunto virá, seja qual for o entrevistado.
Tecnicamente, é péssimo para o Brasil. Paquetá vive boa fase no West Ham. Nos amistosos contra Espanha e Inglaterra, sob o comando de Dorival Jr, ele foi o melhor, marcando forte sem a bola e virando armador que pisa na área na hora de jogar. Amadureceu muito taticamente.
Mas não é uma questão técnica. Esse é o ponto. Nem formal, pois há liberação legal para ele atuar. A questão é ética.
Se a Federação Inglesa não retirar a denúncia após segunda-feira, o certo seria ele ser cortado pela CBF. Jogar com essa dúvida sobre sua reputação ficaria feio para a Seleção.