Antes de decisões como a deste sábado, entre Grêmio e Juventude, fala-se muito no anímico. Prefiro outra expressão: o mental. Certa vez, D'Alessandro, entrevistado no SporTV no programa Grande Círculo, durante a pandemia, todos de casa, disse que o mental é mais da metade do futebol atual. Fiz a pergunta e ele imaginando que nem fosse tanto, mas ele atalhou para dar mais ênfase.
É que as redes sociais acabaram com a velha história de blindar vestiário. É impossível impedir que o caldeirão de informações, verídicas ou fake news, chegue aos jogadores. Então, o mental tem de ser forte para além do que o clube prepara. Não é fácil lidar com pressão, multidão, repórteres, transmissão de TV, cobranças de torcedores malucos.
Novak Djokovic, número 1 do mundo do tênis e maior vencedor de Grand Slams da história desse esporte, é admirado por nunca se abater. Seus adversários dizem que ele consegue esquecer em segundos aquele erro incrível, capaz de render-lhe o jogo. O próximo ponto é sempre o da concentração sobre o que e como fazer, com a confiança de que sim, é possível.
Rafael Nadal, um de seus adversários, certa vez foi perguntado sobre uma suposta má educação de Djokovic ao destruir a própria raquete em uma partida. Nadal respondeu que Djokovic fazia aquilo como forma de extravasar tudo e deixar o erro ali, recomeçando do zero, com a cabeça limpa, sem poluir o seu jogo. Em vez de desequilíbrio, na verdade é um mega-equilíbrio.
Portanto, na final do Gauchão, pode apostar que o mental jogará. Quem estiver com ele em dia, transformando os nervos em aço, tem mais chances de ser campeão, ao ponto até de influir decisivamente nas questões técnicas e no foco para desempenhar o que foi treinado.