Foi assustador. Os áudios da conversa do cabine do VAR com o árbitro Wilton Pereira Sampaio deixam claro que se cometeu um erro crasso, descomunal e inaceitável no ambiente profissional de Série A do futebol. Um único auxiliar, com medo de contrariar a decisão tomada, levanta a hipótese de o braço de Yuri Alberto não estar em movimento natural, conforme até os muros da Avenida Mauá viram.
Tem algo muito grave acontecendo na arbitragem brasileira. Não há por onde buscar um viés capaz de autorizar a não-marcação do pênalti, inclusive pelo fato de o lateral Fagner, ao lado de Yuri Alberto, estar com os dois braços para trás, para reduzir a zero o risco de a bola bater no seu braço. Yuri, ao contrário, foi para o lance como se fosse boneco de posto, com os braços abertos.
Há erros e erros, como diria o poeta. Mas esse é tão impressionante que só se pode concluir pela incompetência. A CBF admitiu o erro. Mérito? Bem, convenhamos. Se a CBF falasse algo em contrário, seria como defender o terraplanismo. O Império da Barra da Tijuca só fez o óbvio, talvez até com o objetivo de acalmar o Grêmio.
O dano está consumado e não tem volta, mas é preciso alguma consequência — por mínima que seja. Os responsáveis precisam ser punidos severamente. Não foi um erro comum, mas o erro primordial. Do mesmo naipe que anular um gol por impedimento em cobrança de lateral.
Só um gancho não serve. Os auxiliares que operaram o VAR em Itaquera têm de ficar fora do campeonato ou proibidos de apitar Série A por muito tempo. Emerson de Almeida Ferreira era o chefe do VAR. A permanência dele trabalhando é o mesmo que manter na ativa bombeiros que, ao contrário de debelar o fogo, o tornam maior por desconhecimento das técnicas de combate às chamas.
O Grêmio não deixará de ser campeão brasileiro por esse erro no apito. Quem toma tantos gols como o Grêmio não tem como disputar título, mas o fato de um erro assim ter acontecido é inaceitável. O áudio do VAR de Corinthians x Grêmio conseguiu o que parecia impossível: ser mais grave do que o erro em campo.