O River Plate é melhor do que o Inter. Mais time, mais organizado, mais frio, mais entrosado, mais confiante, mais fôlego e com a mesma ideia de jogo há uma década, somando Marcelo Gallardo e agora, com Martin Demichelis.
A tendência é de os argentinos festejarem a classificação no Beira-Rio por isso, para além da vantagem mínima de 2 a 1 obtida no Monumental de Núñez. Mas o jogo da volta existe, e ele vem sem que seja necessário um resultado excêntrico. Um a zero leva aos pênaltis.
O favoritismo do River é óbvio, mas se entregar a ele não é do tamanho de um clube campeão do mundo em cima do Barcelona de Ronaldinho, Xavi e Iniesta.
Taticamente, no primeiro tempo, o Inter equilibrou o jogo. O 1 a 0 a favor não foi acaso. Rochet mal trabalhara — ainda. O problema esteve na falência física escancarada do segundo tempo.
O River é um timaço. Soube entender taticamente como se valer desse desnível de gás no segundo tempo. Se o Inter não vai correr mais da noite para o dia, o que fazer na prática até terça-feira (8)? Tenho duas sugestões práticas possíveis.
A primeira providência prática já parece tomada pelo Inter, a julgar pelo vestiário pós-jogo em Buenos Aires. As peças-chave devem descansar contra o Corinthians, no sábado (5). Eu iria de time todo reserva, até para Coudet observar a todos.
É essencial que Valencia, Aránguiz, Alan Patrick, Mercado e Renê descansem para resistir mais do que 45 minutos na terça. Se essa minutagem subir para 75 já é um ganho.
Existe a defasagem na tabela do Brasileirão, mas o Inter não tem chance de título. Também não vai cair. Se não vencer o Corinthians, haverá tempo para buscar vaga na Liberadores, ainda mais com o G sempre ampliado. Minha outra sugestão contra o River passa por Coudet.
O padrão é substituir lá pelos 20 e poucos minutos do segundo tempo, em razão do risco de queimar trocas por lesão ou expulsão. Mas a situação do Inter é emergencial faz tempo. Será preciso repor o fôlego antes, de preferência mantendo a ideia inicial que deu certo no primeiro tempo por mérito do próprio Eduardo Coudet, em vez de trair suas convicções.
Ao trocar Wanderson por Campanharo, deixando o enérgico Pedro Henrique no banco, ele colocou o time para trás. Defende-se pior do que antes. Não segurou empate também por isso. Que se mude até no intervalo. Arriscado? Sim. Mas tem outro jeito?