A novela sobre a saída ou não de Suárez só vai acabar no dia 2 de agosto, quando a janela de transferências se encerrar, mas uma outra terminou precisamente nesta quinta-feira (20), na entrevista de Renato, pelo que ele disse e também pelo que não disse. 

Era tudo verdade. Sim, falou-se em aposentadoria, como informaram os repórteres Eduardo Gabardo e Marco Souza, deflagrando as revelações antes restritas aos gabinetes. Sim, o Grêmio lembrou do período de quarentena que, em caso de chuteiras penduradas durante vigência de contrato, qualquer jogador tem de respeitar, conforme normativa da Fifa. Aí Suárez não gostou, claro, por que não teria como ir para os EUA. Sim, sempre houve o Inter Miami, de um jeito ou de outro, sem ou com papel timbrado.

Sim, houve o pedido para ir a Barcelona se tratar com o médico de confiança. Sim, depois ele desistiu de embarcar em nome do tratamento conservador sugerido pelo Grêmio. Sim, Renato está incomodado com essa indefinição para escalar o time, que depende sempre dos humores do joelho do uruguaio, mesmo minutos antes de entrar em campo. Sim, não se sabe com certeza se ele vai jogar as semifinais da Copa do Brasil contra o Flamengo. 

Fim de uma novela com vitória do jornalismo indestrutível sobre os interesses deturpados, ciumentos e contaminados de setores que habitam as redes sociais tentando fazer média com a torcida. Resta saber como terminará a outra novela. Suárez fica?

Transparência

A entrevista de Renato foi de uma lealdade e transparência raras em um profissional do futebol. Sem frescura, sem mimimi, papo reto. Depois não entendem por que o torcedor o idolatra para muito além dos títulos. Renato não deixou o gremista embarcar no caminho errado, que era o de negar ou esconder a verdade que sempre florescerá, mesmo quando gente do próprio Grêmio tentou confundir: “Não deixa de ser verdade tudo o que tem saído na imprensa”. E ainda fechou com um “e tem o que eu não posso falar”.

Vale ressaltar o talento de Alberto Guerra na condução da crise interna aberta com o interesse do Inter Miami sobre Suárez. É legítimo querer sair, ainda mais para ele que, quando entra em campo, arrebenta em gols, assistências e luta. Parece-me impossível o Grêmio segurá-lo contra a vontade. 

Perder um craque em uma janela de transferências é algo no horizonte de qualquer clube no mundo. O que Guerra pode fazer? Mas exigir ressarcimento é direito total do Grêmio. Que consiga tê-lo ao menos na ida contra o Flamengo, e com “a cabeça boa”, como alertou Renato.