Para uma emissora de rádio equatoriana, Miguel Ángel Ramírez disse que se soubesse o que havia dentro do Inter poderia ter “escolhido melhor” o seu destino. Sem detalhes, chamou de "erro". Não falou em salário, claro. Muitos adorariam “errar” com o que ele recebia em dia ao fim de cada mês no Beira-Rio. Uma deselegância da sua parte.
O fato é que Miguel Ángel Ramírez contribuiu para sua experiência gaúcha não dar certo em um aspecto que só competia a ele. O espanhol nunca pareceu estar com a cabeça em Porto Alegre para valer. Não dava entrevistas como essa, para um veículo do Equador, onde ganhou a Copa Sul-Americana e, talvez, sinta-se mais à vontade. Ele é muito elogiado lá.
Mas só dá entrevista, fora daquele ambiente oficial e burocrático das coletivas em tempos de pandemia, se ganha ou é elogiado? Sei lá o que aconteceu. Mas Ramírez não tentou falar ao menos um pouco de portunhol. Não esforçou-se para se comunicar. Passou a ideia do gênio incompreendido e enfastiado numa aldeia de ignorantes incapazes de perceber nele o futuro Guardiola.
O promissor Ramírez, que tem razão em muitas questões levantadas (calendário brasileiro, imediatismo, tempo para imprimir uma ideia), treinará o recém nascido Charlotte (EUA), a partir de 2022. É jovem. Só 36 anos. Que seja feliz em sua nova jornada.