A saída de Jorge Jesus é um golpe duro (houve mais: leia até o fim) na autoestima do Flamengo, que já acreditava na ideia de ser superior por natureza, uma espécie de Real Madrid das Américas.
Na primeira chance que teve de voltar à Portugal, o técnico que mudou a cara do futebol brasileiro não pensou duas vezes. A tese de que ele só sairia para os grandes mercados da Europa, para enfim fazer carreira de grife por lá pela via rubro-negra foi por água abaixo pelo motivo de sempre. Quando o dinheiro vem em euros de fora, não tem conversa, paixão ou projeto que dê jeito.
Como recusar contrato de quatro temporadas a 4 milhões de euros por ano livres de imposto? E mais dois milhões para sua comissão técnica, fechando o pacote? Claro que JJ só esperou acabar o Campeonato Carioca e avisou que estava pulando da barca. Normal.
Sem Jesus, o Flamengo foi atrás de Marcelo Gallardo, do River Plate, uma ótima escolha. As notícias que vêm da Argentina dizem que o Flamengo levou um fora medonho do técnico argentino. Não faz muito tempo, dormiu com a Amazon, uma empresa global, como patrocinador master, e acordou com o Banco de Brasília, uma instituição regional com sede em um Estado cujo governador é amigo de Bolsonaro.
Por fim, no Fla-Flu que lhe deu o merecido título carioca, a transmissão do SBT só bateu a Globo no Rio de Janeiro. Vamos combinar: se perdesse no Rio, aí era o fim da picada. Em São Paulo e nas outras capitais, até a reprise da novela das 21h superou o jogo.
Dentro de campo, mais um título e semana excelente para o Flamengo. Fora dele, nem tanto. O Flamengo é poderoso e forte, graças a sua imensa torcida, mas talvez menos poderoso e forte do que imagina.