O debate em torno do Inter, que nesta terça-feira (11) vai para glória ou desterro logo em fevereiro, anda em círculos faz tempo. Volta e meia se abre aquela lenga-lenga: três volantes é fechado demais; três atacantes é muito aberto. Não importa o que eles façam no campo. Se o sujeito é volante, não pode fazer nada diferente de defender.
Se for atacante, nada além de driblar e atacar. Vira uma caixinha na qual cabem meia dúzia de bordões. O futebol não precisa ser uma teia complexa de algoritmos, mas também não pode ser tão simplório.
Impressiona-me o imediatismo que se exige de Eduardo Coudet, com quatro jogos usando time titular, o quinto justamente em uma decisão. Era diferente com Odair Hellmann, a estranha comparação da hora, já que ambos jogam de maneira diversa? Não. Era igualzinho. O que nos faz andar em círculos, voltando sempre ao mesmo ponto.
Quando Odair caiu na Copa do Brasil para o Vitória, em 2018, com aquela atuação medonha em Salvador, a massa exigia degola. Muitos dos que hoje elogiam seu trabalho relevante no Inter, mesmo sem a grife da taça, lá atrás queriam a cabeça dele cortada. Nunca estive entre estes, vale dizer. Ao contrário.
Se Odair tivesse sido demitido de afogadilho, não teria recolocado o Inter na Libertadores. E nem de volta à uma final, a da Copa do Brasil, ao fim de dois anos. O que será de Coudet se for eliminado nesta terça na Libertadores para a La U ou perder o Gre-Nal? Pedirão sua cabeça com um mês de trabalho. A maneira como tudo se dá no campo é irrelevante. Não importava com Odair. Não importa com o argentino. É só três volantes, três atacantes.
E o eterno imediatismo como argumento final.
O TIME — Vou pelo que disse Coudet após a vitória dos reservas sobre o Noia: “Sim, posso escalar um time diferente daquele do Chile”. Talvez seja a fumaça de praxe antes de decisões como a desta noite, mas ele falou. Mais do que em Santiago, o Inter terá a bola.
Os chilenos se fecharão. É preciso achar espaços com passes mais rápidos e verticais. Pelo muito que jogou Boschilia no sábado (8), pode ser a surpresa. Foi substituído. Galhardo e Marcos Guilherme também são cotados.
Penso que este, por ser atacante, ficará como peça para mudar o jogo, se precisar. O Inter não fez o gol qualificado fora e tem de ter cuidados defensivos, eu sei, mas joga em casa e precisa ganhar para se livrar dos pênaltis. A criação é responsabilidade sua.