Com Odair Hellmann, o Inter somou vitórias importantes fora de casa, na Copa do Brasil e Libertadores. Mas, no momento decisivo, a postura como visitante sempre foi conservadora, de reação, para somente depois, no segundo tempo, tentar algo, quase nunca como proponente. Funcionou até certa altura, mas na hora de decidir, contra Athletico-PR e Flamengo, e mesmo no Gre-Nal do Gauchão, faltou a ousadia para ir além. Falo agora porque disse antes. Abordei o tema aqui, na coluna, e no Sala de Redação. Não só eu, vale dizer.
Neste sábado (26), já sem Odair e com o novo técnico, Zé Ricardo, a vitória fundamental sobre o Bahia por 3 a 2 teve a marca de um time que assumiu riscos. O risco do passe mais vertical, da aceleração da jogada, do drible, do zagueiro que com espaço vira volante. Muitas vezes, deu contra-ataque para o Bahia, porém com recomposição boa. No conjunto da obra, entretanto, a nova ideia produziu gols e chances perdidas. O Inter, desfalcado, visivelmente foi a Salvador para ganhar, e por isso assumiu os riscos de tal postura.
Foi premiado com uma vitória grande, contra inimigo direto por G-4. Parede, Neilton e Wellington Silva erraram a valer nas ações ofensivas, mas nunca desistiram, tirando o time de trás. Mais acionado, Guerrero voltou a marcar. Um de seus gols foi bucha. Prova de que o problema não era tanto ele, mas o time. Até Parede, ainda que se valendo de um presente de Nino Paraíba, fez gol. E sem impedimento, algo raro. Heitor e Zeca subiram mais vezes, claramente orientados a não terem receio.
O Bahia descontou numa falha de Lomba, em chute de fora da área. Teve dificuldade para rondar e ameaçar o goleiro do Inter. O Bahia vive momento ruim, e o Inter não pode achar que agora virou o Manchester City e que vai arrancar rumo ao título. Calma. Menos. Mas foi uma grande estreia de Zé Ricardo, que mexeu na escalação, no desenho tático e na postura da equipe na Bahia.