No Sala de Redação surgiu uma dúvida enquanto debatíamos o aproveitamento de Martín Sarrafiore no Inter. Uma das questões que fazem dele um dos preferidos da torcida é a naturalidade para fazer gols. Volta e meia, mesmo tendo poucas oportunidades em campo, ele comparece. Já tem gols decisivos, diante de Flamengo e Ceará. Seis pontos na tabela passam por essa veia artilheira. Sua média de gols só é menor do que a de Paolo Guerrero.
A do peruano (10 gols) é um a cada 125 minutos. A do argentino (cinco gols) é de um a cada 165 minutos em campo. É preciso lembrar que, no Beira-Rio, ele está em sua primeira temporada como jogador profissional. Não se trata de começo só no Inter. É começo na profissão, ainda por cima em outro país.
No Huracán, só tinha atuado na base. Como sua contratação foi parar na Fifa, tal era a aposta em seu talento, para lá adiante ser vendido por milhões de euros, no imaginário da torcida do Inter ficou a ideia errada de entrega imediata de bastão, de D'Ale para Sarrafiore.
Calma. Nem tanto ao sol, nem tanto à sombra.
Ele ainda não está pronto nem fisicamente para as rotinas do calendário brasileiro. Tanto que termina a partida contra o Ceará (votei nele para melhor em campo, na transmissão da Gaúcha) mancando, com cãibras. A questão central é a necessidade de Sarrafiore ter mais chances no time principal. Não apenas para desenvolver o seu tão óbvio quanto visível talento, mas para descobri-lo. Quantos encontraram o seu lugar já adultos?
Ele se sente mais à vontade por dentro, como diante do Ceará, fazendo a função de Edenilson no 4-1-4-1 de Odair, mas é bom que receba chance pelos corredores também. Sarrafiore é jovem. Quanto mais repertório ele tiver, melhor. Vai oscilar, como todos os que emergem da base. Tem muito a aprender na parte tática.
É isso que fará dele um jogador diferenciado.