Acabou aquela história de que o ponteiro (extrema, jogador de beirada: escolha você mesmo) não deve acompanhar lateral para ficar mais perto do gol. A ideia do "assessor de lateral" não faz mais sentido nem como frase. Envelheceu.
O atacante diferenciado, o que vai brilhar na Europa e na seleção do seu país, aquele com chance de um dia jogar Liga dos Campeões e Copa do Mundo, esse tem de ser atleta para operar nas duas áreas, a sua e a do adversário. Nico López e Everton são exemplos dessa realidade inexorável do futebol intenso e veloz.
Everton ajuda a marcar quando o Grêmio perde a bola e nem por isso deixa de ser o grande e habilidoso matador do Grêmio. Deu o salto na carreira rumo à Seleção, despertando a cobiça do Manchester City de Pep Guardiola quando se deu conta disso.
O caminho de Nico López é semelhante. E olha que, lá atrás, um dos treinadores anteriores a Odair insistiu para o clube desistir dele. Para sorte do Inter, os dirigentes não o ouviram. Faltava convencê-lo da importância da disciplina tática. E de prepará-lo para as exigências do atacante combo.
Nico, que já foi rotulado de peladeiro, recolocou o Inter no Gre-Nal não pelo viés atacante, mas ao trocar de lado com D'Ale, para ajudar Zeca a conter Everton e Cortez. Suas tarefas coletivas não o impedem de ser o goleador pelo terceiro ano seguido. A disciplina tática não é inimiga do brilho individual. Não em um esporte coletivo como o futebol.
Everton e Nico só não seguiram suas rotinas goleadoras no Gre-Nal por mérito de Marcelo Lomba e de Paulo Victor. Mas eles estavam lá, na área, para finalizar. Sem cansaço e com vigor. Talvez saiam na próxima janela, entre julho e agosto. Quanto maior o combo de talento e consciência tática, mais a Europa paga. É essa a medida de valor, drenada por centenas de milhões de euros.