Em primeiro lugar, é preciso dizer que a derrota do Grêmio para o Botafogo por 2 a 1, no Engenhão, na tarde deste sábado, foi absolutamente merecida. O Botafogo teve mais posse de bola (55%) e 16 a 8 em finalizações, sendo seis delas chances claras. Além dos gols de Brenner e Gilson, este nos acréscimos, Paulo Victor operou dois milagres na primeira etapa, foi salvo pela trave em outro lance e viu Ezequiel errar sem goleiro, antecipando-se a Marcelo Oliveira. Seis momentos claros de gol.
O Grêmio produziu bem menos, vencido pelo desentrosamento que provoca erros de passe e concede espaço para o adversário, justamente por esses equívocos. O erro de passe pega o time saindo, não raro desarrumado. Obviamente, sem conjunto, a recomposição é mais lenta. Eis aí a fórmula que derrotou o Grêmio para um time de médio para baixo, como o Botafogo.
Igor Rabelo, contra, empatou o jogo para o Grêmio logo após Brenner abrir o placar. Luan isolou a bola do jogo, livre, quando estava 1 a 1. O castigo veio no golaço de Gilson. Mas é fato: o Botafogo, mesmo sem brilho, teve mais volume o tempo todo. Mereceu vencer.
Em segundo lugar: é injusto dizer que Renato errou ao escalar time misto.
Não se trata de algo voluntário do Grêmio, para descansar titulares em hotel de luxo. É uma imposição física. Todos os times de Libertadores já anunciaram que adotarão o mesmo caminho, inclusive o Corinthians. Ouvi, na semana passada, Fabio Carille dizer exatamente isso. Em algum momento, se não for eliminado na Libertadores e Copa do Brasil, poupará. O Cruzeiro deve segurar alguns titulares contra o Inter, neste domingo.
— Se jogar com os titulares sempre, aí abro mão do Brasileiro, como vocês dizem e eu discordo, e também da Libertadores e Copa do Brasil. Faz sentido? Vamos administrar, sempre buscando competir. Não posso estourar todo mundo com lesões — resumiu Renato.
Mantenho minha opinião do ano passado, a mesma que tenha repetido em 2018. Time de transição, totalmente reserva, como aquele contra o Sport, foi um erro. E seria no Engenhão, caso o Grêmio repetisse a dose. Disse isso na transmissão da Gaúcha, antes da surpresa que foi a escalação de Luan.
Desta vez, o craque do time foi para o jogo. André, contratado a peso de ouro, também. Michel e Jaílson eram titulares não faz muito. É diferente de uma dupla de volantes como Machado e Kaio. Paulo Victor é muito mais do que Leo. O próprio Madson, mesmo com limitações, é mais jogador do que Leo Gomes. Alisson é o 12 titular de Renato. Entra em todas as partidas, quase sempre marcando gols.
Portanto, o Grêmio não repete o ano passado, quando radicalizou na hora de preservar titulares e escalou um time de meninos, praticamente. A má notícia, aí sim, é constatar que aumentar o número de cascudos, e ainda reforçá-los com alguns campeões da Libertadores, não alterou a rotina. Sem força máxima, o rendimento cai no Brasileirão. E a derrota vem.
Agora, é força máxima contra o Cerro, na terça, assim como diante do Santos, no outro domingo. Aí time misto contra o Goiás, pela Copa do Brasil, dia 9 de maio. E titulares no Gre-Nal do dia 12.