Muito provavelmente, o Grêmio venceria o Brasil-Pel na Arena, ancorado na sua imensa superioridade técnica, tanto na parte individual quanto na coletiva. Mas o placar de 4 a 0, que já garante o título, tem muito a ver com a expulsão de Éder Sciola, no fim do primeiro tempo.
Na etapa inicial, 11 contra 11, empate sem gols e quase 80% de posse de bola gremista, mas igual número de finalizações. Cada um na sua proposta, equilíbrio. Com um jogador a mais, desequilíbrio e 4 a 0 para o Grêmio. E poderia ter sido mais.
Não me pareceu lance de cartão amarelo o da expulsão de Sciola. O lateral xavante pula olhando a bola, em disputa com Luan. Há o choque e até a falta, mas sem agressão ou intenção.
Márcio Chagas, na transmissão da RBS TV, classificou como exagero a atitude de Anderson Daronco, ainda que ele tenha avisado antes sobre o rodízio de faltas sobre o craque tricolor. Já o Diori Vasconcellos, na Rádio Gaúcha, cravou que ele acertou na expulsão. Lance polêmico, portanto, no mínimo. Enfim.
Mas o que o Grêmio tem a ver com isso? Absolutamente nada.
Mérito
É um título gaúcho merecido pelo conjunto da obra, em que pese a arbitragem ter ajudado neste domingo.
O time de Renato eliminou o Inter, seu maior rival, no meio do caminho. Teve de correr atrás do prejuízo causado pelas derrotas da transição, ainda sem ritmo de competição. E ainda tinha Recopa e Libertadores no meio.
Lembremos que o Grêmio voltou a treinar depois, em razão do Mundial. O campeão gaúcho de 2018 é, sem dúvida, o melhor time.
Retranca
O Brasil-Pel levou 4 a 0, mas é erro crasso dizer que jogou mal. Também não se retrancou. Clemer se fechou mesmo, com linhas de quatro e cinco jogadores à frente de Pitol. Mas não o fez com volantes ou zagueiros a mais.
Toty, Calysson, Alisson Farias e Lourency são atacantes. A única chance era se fechar e ter qualidade no contra-golpe.
A posse de bola foi toda do Grêmio enquanto eram 11 contra 11, mas o Brasil-Pel teve até mais finalizações certas. Depois da expulsão e do gol de Everton na abertura do segundo tempo, o cansaço do meio da semana bateu.
Cirúrgico
Renato acertou em escalar Arthur e Maicon juntos. A posse de bola seria do Grêmio. Quanto menor o erro de passe, arriscando-se ao contra-ataque, melhor. Alisson no lugar de Leo Moura, recuando Ramiro, no intervalo? Decisivo.
Apontei essa providência na transmissão da RBS TV, no primeiro tempo. O Grêmio precisava de drible e velocidade não só pela esquerda, com Everton, mas também na direita. A goleada se deu por eles, Everton e Alisson.