Renato queria uma vantagem, por mínima que fosse. O Grêmio fez bem mais do que isso. No primeiro jogo da final do Gauchão, neste domingo na Arena, o time contou com o oportunismo de Everton e as qualificadas assistências de Jael para fazer 4 a 0 no Brasil-Pel e ficar muito próximo do título do Gauchão. Domingo, dia 8, no Bento Freitas, poderá até perder por três gols de diferença para e, ainda assim, reconquistar a hegemonia gaúcha oito anos depois. O elástico resultado foi todo construído no segundo tempo.
Renato já havia antecipado que o Brasil jogaria por uma bola, o que, na linguagem do futebol, representa marcar com o máximo possível de jogadores e buscar um gol em contra-ataque. O que o técnico do Grêmio não poderia supor era que o adversário executasse de forma tão eficiente seu projeto de jogo. Tanto que foi do time de Clemer a mais clara jogada de gol, em cabeceio de Calyson, que aparou cruzamento de Artur, ganhou no alto de Cortez e concluiu por cima. Essa jogada, a 29 minutos, foi a síntese do primeiro tempo.
Faltou ao Grêmio eficiência pelas laterais, com Léo Moura e Cortez. Escalados juntos, Arthur e Maicon não se completaram. Nenhum dos dois projetou-se rumo à área adversária, como cobra Renato. Posicionaram-se em uma região neutra do campo, trocando passes curtos, sem penetração. Isso tirou a mobilidade do time. Luan, cercado e muitas vezes parado com falta, não achou Jael para as tabelas. Restou a aplicação de Everton, mas este sofreu combate muito forte de Éder Sciola. Sem rapidez, o Grêmio pareceu conformado com o resultado.
O início até havia parecido promissor. Logo a um minuto, Léo Moura cruzou da direita e Jael cabeceou para fora. Aos cinco, Luan encobriu dois marcadores e concluiu alto. Era um momento de total controle da partida por parte do Grêmio, contra um Brasil que não se preocupava em avançar. Aos 10, Maicon passou a Luan, que chutou fraco, nas mãos de Pitol. Aos 13, a jogada mais promissora, que começou com drible de Everton no zagueiro Heverton e terminou no passe para Jael, que concluiu para difícil defesa de Pitol.
De tanto martelar sem sucesso , o Grêmio pareceu desanimar. Deu-se, então, um visível crescimento do Brasil. Foi quando passaram a aparecer os avanços com muita rapidez de Artur, a capacidade criativa de Valdenir e Alisson Farias e a impetuosidade de Calyson. Além do cabeceio perigoso de Calyson , o time teve um chute de Valdemir defendido por Grohe.
A 44 minutos, um lance decisivo no jogo. Éder Sciola, que já tinha cartão amarelo, acertou com o joelho direito as costas de Luan e foi expulso. Clemer e todo o time protestaram, por saber que, com um jogador a menos, dificilmente o Brasil resistiria.
A história do jogo começou a mudar logo no primeiro minuto do segundo tempo. Arthur serviu a Jael, que, de costas, fez passe preciso para a conclusão em diagonal de Everton, que venceu Pitol e pôs o Grêmio em vantagem na decisão.
Consumado o primeiro ato, o Grêmio mirou o seguinte, que era ampliar a vantagem. Aos cinco, Ramiro quase acertou em chute de longa distância. Mera questão de tempo. Aos nove, Maicon serviu a Jael, que cabeceou para ótima defesa parcial de Pitol. Na sobra, Alisson fez 2 a 0.
O jogo em nada lembrava o primeiro tempo. Avassalador, o Grêmio encontrava brechas que antes inexistiam. Principalmente com Everton, sem marcador. Até Jael passou a destacar-se pelos lançamentos.Maicon, em chute rasteiro, quase fez o terceiro. Só aos 17 minutos o Brasil chutou pela primeira vez, por Artur, para defesa de Grohe.
Jael faria novamente a diferença no terceiro gol. Aos 24 minutos, após receber de Arthur, ele deu um mágico toque de calcanhar para Everton, que concluiu sem defesa para Pitol.
Ramiro completou a festa aos 31 minutos, em cobrança de falta em que contou com a colaboração de Pitol.
Nem mesmo a fé da torcida do Brasil, que ajudou a embelezar a Arena, deixa margem para uma virada. O Grêmio prepara-se para comemorar fora de casa sua segunda conquista da temporada e o 37º Gauchão de sua história.
GAUCHÃO, FINAL (IDA), 1º/4/2018
GRÊMIO: Marcelo Grohe; Léo Moura (Alisson, int), Geromel, Kannemann e Bruno Cortez; Arthur e Maicon (Jailson, 31’/2º); Ramiro, Luan e Everton; Jael (Thonny Anderson, 26’/2º)
Técnico: Renato Portaluppi
BRASIL-PEL: Marcelo Pitol; Éder Sciola, Leandro Camilo, Heverton e Artur; Leandro Leite (Vacaria, 17’/2º), Valdemir (Mossoró, 24’/2º) e Toty ( Ednei, 10’/2º); Calyson, Lourency e Alison Farias
Técnico: Clemer
Gols: Everton (G), a um minuto, Alisson (G), a nove e Everton (G), a 24 e Ramiro a 31 do segundo tempo
Cartões amarelos: Artur, Éder Sciola,, Pitol, Valdenir (B), Léo Moura, Ramiro (G)
Cartão vermelho: Éder Sciola (B)
Arbitragem: Anderson Daronco, auxiliado por José Eduardo Calza e Leirson Peng Martins
Renda: R$ 1.762.719,00
Público: 32.238 (29.891 pagantes)
Local: Arena do Grêmio
PRÓXIMO JOGO – Libertadores
4/4/2018, quarta-feira, 19h15min
GRÊMIO x MONAGAS