A voz mais ponderada e lúcida que ouvi do Inter após a suspensão, na Suíça, até quinta-feira, da audiência na qual o Inter sonhava evitar nos tribunais o rebaixamento do campo, veio do presidente Marcelo Medeiros, na Rádio Gaúcha. Ele deu as declarações de praxe e, lá pelas tantas, disse assim:
– Esse assunto precisa ser encerrado.
Encerrado, obviamente, depois de finalizada a audiência no CAS, suspensa nesta terça-feira.
Ele tem razão.
É isso.
O Inter precisa virar a página do Caso Victor Ramos e se dedicar apenas e tão somente a montar um time confiável, contratar bons jogadores, pensar em estratégias acerca da traiçoeira Série B, dar suporte a Antônio Carlos Zago. Enfim: campo, bola, futebol.
Medeiros herdou este rolo todo, além de uma dívida enorme a pagar. Não tem culpa de nada. Quer melhorar a imagem do Inter.
Essa dúvida quanto a cair ou não cair, disputar Série A ou Série B, daqui a pouco tudo isso entra no vestiário e atrapalha até os jogadores. O próprio torcedor não se mobiliza adequadamente, sempre na esperança de que o pesadelo da queda foi só um sonho e que clube grande, de fato, não cai.
Não sou advogado.
E, mesmo que fosse, o direito desportivo tem tantas peculiaridades que seria temeridade interpretar a audiência realizada na manhã desta terça-feira, na Suíça, sobre o Caso Victor Ramos, através do qual o Inter pretende ganhar pontos do Vitória e escapar do rebaixamento sofrido no campo.
Pode ser apenas um pedido de vistas corriqueiro ou indício de que a Corte Arbitral do Esporte (CAS), ao atender o pleito do Vitória em suspender a audiência, questionando a competência do tribunal para julgar este caso, está mais perto de dar razão ao clube baiano e à CBF.
Não sei.
O que sei é que:
1) o Inter caiu por sua própria incapacidade em campo, liderado por erros em série de sua direção, sem complô algum;
2) O Inter tem o direito sagrado de encontrar uma brecha jurídica para na lei para se manter na Série A, valendo-se de um registro errado. Mas me parece constrangedor para um clube campeão do mundo, que sempre teve orgulho, ele e seus torcedores, de bater no peito e denunciar tapetão (Fluminense, Grêmio, Portuguesa) usar expediente semelhante agora.
3) O pior dos cenários do Inter na CAS não é seguir rebaixado. É seguir rebaixado tendo a poderosa CBF como inimiga de morte.