Esse Luciano Hang, o tal “Véio da Havan”, como o próprio se apresenta, participou de uma pantomima para falsificar o atestado de óbito da própria mãe, a fim de defender o uso da cloroquina no tratamento da covid.
O chamado “tratamento precoce” da doença, com cloroquina, ivermectina et caterva, foi exaltado pelo presidente da República na tribuna da ONU, diante de líderes de todos os países do mundo.
Antes disso, o Exército brasileiro fabricou cloroquina e uma clínica fez testes clandestinos com esse remédio, sem seguir os protocolos internacionais e com o conhecimento do governo brasileiro.
Mas o que é isso?
Sério: o que é isso???
Médicos divergirem quanto à aplicação de determinado tratamento é coisa normal, bem como cientistas debaterem a eficácia de alguma droga. Tudo certo. É da profissão deles. Mas por que políticos, empresários, blogueiros, youtubers, jornalistas e desocupados, por que pessoas sem nenhuma ligação com a medicina se batem por esse tema? Por que Bolsonaro insiste com essa história da cloroquina?
Sei que Bolsonaro gosta de se imiscuir em temas de saúde pouco convencionais. Um dos seus dois projetos aprovados em 28 anos como deputado foi a liberação da famigerada pílula contra o câncer. Mas agora, que todo mundo sabe que a pílula não funciona, ele parou de falar nela. Por que continua com cloroquina, cloroquina, cloroquina?
Essa obsessão já devia ter cessado, até porque o que se passa no mundo inteiro, inclusive no Brasil, provou bem provado que a solução para a pandemia é a vacina, e que nenhum remédio funcionou adequadamente contra essa praga, por enquanto.
Então, repito: por que isso?
Não estou sendo irônico, não é um deboche, eu realmente não consigo entender esse delírio coletivo. O que ganham Bolsonaro e seus seguidores com essa causa? Qual é o objetivo deles? Contra o que, exatamente, eles estão lutando?
A pandemia, mesmo que continue perigosíssima, está no fim. Em algum tempo, estará controlada, graças à vacinação em massa da população mundial. As novas cepas só continuam matando porque há muita gente que ainda se nega a tomar vacina. O que, aliás, é outra loucura inexplicável.
Por que essa rebeldia contra a vacina? Vacinas salvam milhões de vidas desde que Pasteur consagrou a descoberta de Jenner, há quase 200 anos. Duzentos anos! Dois séculos de pessoas se vacinando alegremente, de pais levando seus filhos para serem imunizados, de doenças sendo eliminadas da face da Terra por causa da vacina, e agora esse retrocesso? Já houve uma Revolta da Vacina no Brasil, em 1904, e ficou provado que os revoltosos estavam errados. A história mostrou que aquela era uma revolta de tolos. Vamos repetir a burrice?
A propósito: a revolta contra o passaporte de vacinação, também citada por Bolsonaro na ONU, é outra sanha incompreensível. Ora, sempre houve passaporte de vacinação! Tente fazer certas viagens internacionais sem o passaporte de vacinação contra a febre amarela, por exemplo. Você não conseguirá entrar em mais de 120 países. Logo, o passaporte de vacinação já existe, é respeitado e ninguém nunca reclamou contra.
O que está havendo? O que está acontecendo com as pessoas? Alguém, por favor, precisa responder.