Bem. Não é para me exibir, mas eu já sabia que isso ia acontecer. Já tinha dito, já tinha escrito. Agora, a verdade é que não era preciso ser nenhum Nostradamus para ver a ruindade do time do Grêmio diante de um time bem arrumadinho (no máximo isso, bem arrumadinho) do Palmeiras. Era óbvio que o Grêmio ia perder, e perdeu com a naturalidade das equipes inferiores.
Renato até tentou fazer algo diferente: escalou o jovem Vanderson na lateral direita e passou Victor Ferraz para o pântano sombrio da reserva. Nisso, acertou. Vanderson é melhor do que Ferraz, e foi um dos destaques da final. Outra mudança foi Thaciano no lugar do sonolento Jean Pyerre, se bem que Thaciano não jogou NO LUGAR do sonolento Jean Pyerre; jogou no de Alisson, pela direita, enquanto Alisson foi para o meio-campo (no lugar do sonolento Jean Pyerre).
Thaciano até que exerceu um trabalho razoável, uma espécie de Ramiro sem inspiração. E Alisson, no meio, foi igual ao Alisson no flanco: muita correria, pouco proveito.
Atrás, a zaga saiu-se bem. Mas Paulo Victor tomou dois gols de bolas defensáveis. No primeiro, como sói acontecer, ele espalmou para dentro. No segundo, a bola passou por baixo de seu corpo. Isso também era previsível. A escalação de Paulo Victor na final, depois de mais de um ano na reserva motivada pelo fiasco do zero a cinco no Maracanã, é o quarto segredo de Fátima. Ou: de Renato.
Na frente, Diego Souza jogou como se tivesse 35 anos de idade. E Pepê jogou como se tivesse sido vendido para outro clube e pouco ligasse para o que acontecesse com o Grêmio.
Mesmo assim, o Grêmio fez um bom enfrentamento no primeiro tempo. O jogo foi igual, tudo poderia ter acontecido. Só que nada aconteceu. No segundo tempo, com Maicon cansado, com o goleiro falhando e com Renato demorando a fazer substituições, o Palmeiras se impôs sem dificuldades, como se disputasse um amistoso. O Grêmio não parecia nem muito interessado em tentar virar o placar – não conseguiria, é claro, mas podia ter fingido que queria.
O que restou para o Grêmio depois de mais esse fracasso? Bem pouco. Vanderson deve ser efetivado como titular da lateral direita. Na esquerda há Diogo Barbosa. No miolo da zaga, Kanneman. No meio-campo, só Matheus Henrique. No ataque, talvez (talvez!) Ferreirinha. Conte: são cinco jogadores com estatura de titulares. Ou seja: seriam necessárias pelo menos seis contratações que dessem certo. Como a direção do Grêmio tradicionalmente não sabe contratar... Reze, torcedor gremista! Reze!
Mas o pior é que tudo indica que Renato vai continuar insistindo no futebol de toque de bola que há três anos redunda em goleadas sofridas e finais perdidas. O Grêmio, que outrora punha medo nos adversários por ser forte, aguerrido e bravo, perdeu suas virtudes, tornou-se um time mole, sem alma, com Grapette correndo nas veias, em lugar de sangue.
Será um ano duro, torcedor. Reze. Reze!