A Gabriela Pugliesi se separou do Erasmo. Não estou fazendo fofoca, foi ela quem disse, num vídeo assistido por mais de dois milhões de brasileiros.
“O Erasmo, ele errou comigo”, justificou.
Lembro do Erasmo. Um cara sem camisa. Parecido com outros namorados e maridos de blogueiras fitness, eles aparecem sempre fazendo exercício ou brincando com algum cachorro.
A Pugli filma a vida dela inteira, e ela nunca se aborrece por nenhum motivo. Desta vez, admitiu ter ficado mal DOIS DIAS por causa do fim do casamento. Dois dias! Erasmo, meu velho, talvez você não tenha errado tanto.
Mas agora me ocorre que talvez você não saiba quem é a Gabriela Pugliesi. Como já observei acima, ela é uma blogueira fitness, e também youtuber e outras coisas do mundo virtual. Ou seja: ganha dinheiro (bastante) mostrando ao mundo suas atividades comezinhas. As pessoas olham vídeos dela fazendo ginástica. Será que alguém olharia um vídeo em que eu fizesse ginástica? Polichinelo! Pique no lugar! Polichinelo! Pique no lugar! Talvez tente, mas suspeito que eu seria um fracasso como blogueiro fitness.
Já gostei mais de Pugli, confesso. Agora, sei lá, ela está muito tatuada. Por que as pessoas se tatuam tanto? Não é apenas vontade de se enfeitar, é uma profunda ânsia de expressão. As pessoas querem passar mensagens com suas tatuagens. O Twitter e o Facebook não lhes bastam, elas têm de usar o corpo como veículo de informação.
Sei que os tatuados podem embrabecer comigo, mas, entenda, leitor tatuado, não sou contra a tatuagem em si, sou a favor da boa edição. O excesso de informação numa página dispersa o leitor. Assim, se você quiser fazer tatuagem, faça, mas com critério. Não pense só em você, que está emitindo a mensagem, pense no receptor da mensagem.
Mas não é só isso que me incomoda em Pugli, não sou tão frívolo. O que mais me irrita é sua positividade militante. A vida de Gabriela Pugliesi é um livro de autoajuda aberto. Então, ela termina um casamento e o máximo de tristeza que lhe acomete se esvai em dois dias. E, no vídeo, ela declara a filosofia que rege sua existência:
“Nada acontece por acaso, e tudo que acontece é uma bênção”.
Aí é que está. A experiência demonstra que muitas coisas acontecem por acaso. Às vezes, a pessoa recebe algo de bom sem merecimento. Ou algo de ruim sem culpa. Porém, ah, porém, a segunda parte do sistema filosófico pugliesiano, “tudo que acontece é uma bênção”, bem, isso pode se transformar em verdade. Porque o supostamente bom ou o supostamente ruim acontecem de forma inevitável
e cada pessoa reage à sua maneira. Uns fazem do bom o ótimo. Outros o transformam em péssimo. E há quem vire o ruim do avesso e dali saia maravilhas. Ou quem consiga piorar tudo ainda mais.
Isso significa que Pugli não está de todo errada. Sua máxima precisa apenas de uma melhorada. Assim: “Tudo que acontece pode ser transformado em uma bênção”. Pronto. Ficou bom. Vou tatuar essa frase no meu abdome de tanquinho.