Kannemann dividindo a bola com a cabeça, no rés do chão. Sendo perfeito, invencível, aparecendo em toda parte, mostrando quem manda. Kannemann foi o leão que desbarata o bando de 40 hienas com um único rosnado.
E Diego Souza. Diego Souza, em idade provecta, dando ombraço e unhada, arrancando em velocidade, marcando os zagueiros, deixando tonta toda a defesa inimiga. Nos corredores da Arena, durante o intervalo, os jogadores do São Paulo só falavam dele. Era o nome que se ouvia, captado pelos microfones da Globo: Diego Souza, Diego Souza, eles temiam Diego Souza. Tinham mesmo de temer.
Não foi preciso mais do que 30 segundos para eles. Ferreirinha entrou, recebeu a bola, driblou o marcador feito um Garrincha, foi ao fundo e cruzou para o único gol do jogo. Decidiu a partida em um lance.
E Lucas Silva entrou como se já estivesse jogando desde o começo. Encaixou-se no time e na frente da área de tal forma que corrigiu o meio-campo e protegeu a defesa. Na partida contra o São Paulo, Lucas Silva mostrou porque despertou o interesse do Real Madrid.
Houve mais: a entrega de Matheus Henrique e Pepê, a natural eficiência de Geromel, o empenho de Tonhão, a concentração de Vanderlei, todos foram bravos como deve-se ser numa partida decisiva.
Menos Jean Pyerre. É incompreensível a aparente falta de interesse de Jean Pyerre num jogo em que, estava claro, só seria vencido com a máxima dedicação. Jean Pyerre jogava de sapatilhas, enquanto seus colegas de time jogavam de coturnos. Será que ele não percebeu que estava todo mundo vendo? Se Jean Pyerre quiser cumprir a promessa que vem fazendo, se quiser ser o jogador que todos esperam que seja, terá de entender: o futebol é como a guerra, em que o soldado não luta apenas pela vitória, luta pelos companheiros que estão ao seu lado.