Vou fazer algumas considerações sobre a entrevista que o prefeito Marchezan deu ao Timeline, da Gaúcha, nesta segunda-feira.
Vou me concentrar no futuro, no que acontecerá daqui para frente, que é o que mais importa agora.
O que deduzi:
1. Marchezan e muitas autoridades sanitárias estão convencidos de que só com o lockdown conseguirão impedir o colapso do sistema de saúde.
2. Marchezan sabe que, para impor o lockdown, terá de convencer a sociedade desta necessidade, porque não há como fiscalizar Porto Alegre inteira, nem como obrigar as pessoas a ficar em casa, se elas não quiserem.
3. O problema é que muitas pessoas não ficarão em casa. Não apenas por cansaço ou por negacionismo. Grande parte da população simplesmente não pode mais permanecer sem trabalhar. São quatro meses de sacrifícios, as pessoas precisam voltar às suas atividades, caso contrário não terão mais como viver e sustentar suas famílias. Para alguns, ficar em casa não é uma opção.
4. Sendo assim, dificilmente haverá o convencimento que espera Marchezan, a não ser que ocorra grande mobilização pública de médicos e hospitais, todos insistindo no lockdown.
5. Não acontecendo o lockdown, não restam muitas alternativas para o poder público. O que tem de ser restrito já está restrito. Isto é: a situação ficará como está.
6. Até quando? É a pergunta de um milhão de dólares, para a qual ninguém tem a resposta. É como se estivéssemos andando em círculos. E quem anda em círculos não vai a nenhum lugar.