A Paula Fernandes está de namorado novo, li por aí. Fiquei feliz, porque ela andava meio para baixo. Não faz muito, vi um vídeo em que Paula suspirava e chorava, coitadinha.
Foi por causa daquele Luan Santana.
Ela e ele iriam gravar a versão brasileira da música Shallow. Você sabe: a famosa “juntos e shallow now”, que eletrizou o país antes mesmo de ser lançada. Aí, depois de tudo pronto e anunciado, o Luan desistiu. Paulinha ficou arrasada. Gravou o vídeo dizendo que estava “de coração partido” e perguntou aos fãs se eles queriam ser o Bradley dela. Alguém, pelo amor de Deus, quer ser o Bradley da Paulinha Fernandes?
Me deu uma raiva desse Luan Santana. O que será que o Roberto Carlos pensa disso? Talvez você não se lembre, mas foi o Roberto Carlos quem “descobriu” a Paula Fernandes. Ela não era muito conhecida, até que o Rei a convidou para participar do seu especial de fim de ano. Paula chegou dentro de um vestido azul bem curto, curtíssimo, sentou-se em um banquinho e cruzou as pernas longas e luzidias de um jeito que deu uma angústia. Roberto, ao lado, parecia levemente atordoado com a visão da moça. Esperei que ele, em algum momento, comentasse:
– São tantas emoções…
Mas não comentou. Conteve-se.
Depois do programa, o boato que circulou pela nação em ebulição foi de que Paulinha estava namorando o Rei. Não era verdade, mas seria legal, se fosse. Roberto voltaria a cantar grandes clássicos, tenho certeza. “Eu te proponho, na madrugada, você cansada, te dar meu braço, no meu abraço fazer você dormir…”
Ultimamente, prefiro ocupar-me desses assuntos mais leves da vida mundana. Não que os temas, digamos, “sérios” deixem de me interessar. É que dá certa sensação de inutilidade escrever sobre eles. Em geral, as pessoas já se acantonaram em seus posicionamentos e vão analisar tudo por esse ponto de vista. Não importa o que é feito, importa quem faz. Não importa o que é escrito, importa quem escreve.
Então, mais me apraz escrever de Paulinha do que da reforma da Previdência. Foi um acontecimento aquele vídeo dela. Foi algo diferente de tudo o que tem sido feito e visto nas redes e afins.
Sabe por quê?
Porque ela estava triste.
Hoje, ninguém mais fica triste. Hoje, as pessoas ficam furiosas ou depressivas. Ou é a indignação ou é a doença. Ou o punho fechado batendo no peito ou o remédio tarja preta. A tristeza é considerada um sentimento menor, uma humilhação.
Na verdade, trata-se do contrário. A pessoa que fica triste por algo que outra pessoa lhe fez não está demonstrando a sua humildade, mas a sua humanidade. Como diria Fernando Pessoa, em sua obra-prima, Poema em Linha Reta:
Quem me dera ouvir de alguém a voz humana
Que confessasse não um pecado, mas uma infâmia;
Que contasse não uma violência, mas uma covardia!
Não, são todos o ideal, se os ouço e me falam.
Quem há neste largo mundo que me confesse que uma vez foi vil?
Ó príncipes, meus irmãos.
Arre, estou farto de semideuses!
Onde é que há gente no mundo?
Uma pessoa capaz de revelar sua tristeza fala com a voz humana que reclamava o poeta. Mais até: ela está sendo generosa com quem a agrediu. Porque está dizendo: eu me importo com você e você me decepcionou.
Se alguém embrabece comigo, embrabeço também. Mas, se percebo que causei tristeza, é como se um punhal me fosse enfiado bem aqui, no ventrículo esquerdo. As lágrimas de Paulinha me tocaram. Garanto que tocaram Roberto, sensível que ele é. “Ele não pensa em querer-te, te faz sofrer e até chorar”, pode ter-lhe cantado o Rei. Felizmente, Paulinha está de amor novo. Um alívio. Vá saber, encontrou seu Bradley. E o Luan Santana? Ah, que raiva daquele Luan Santana!