Em 1979, quando se via pelos muros de Porto Alegre uma espécie de pichação comemorativa ou talvez um grito de alívio, "Deu pra ti, anos 70", quando o Inter foi campeão invicto e o Grêmio montou um time com Manga, Paulo César Caju, Tarciso, Baltazar e Éder, quando Elis cantava O Bêbado e a Equilibrista, em 1979 foi lançado o filme Alien – O Oitavo Passageiro.
O populismo transformou a política brasileira em um pântano onde só importa quem vence a eleição.
Oito anos depois, em 1987, quando Rudolf Hess, um dos mais esquisitos nazistas entre tantos nazistas esquisitos, puxou o fio de uma lâmpada e enforcou-se na cadeia em Spandau, quando o menino Lionel Messi nasceu em Rosário, quando o Grêmio contratou pela primeira vez um jovem técnico chamado Luiz Felipe Scolari, quando o Inter teve de encarar um Flamengo de Renato, Bebeto, Zico e Leandro na final do Brasileirão, em 1987 foi lançado o filme Predador.
E em 2004, quando uns estudantes de Harvard criaram o Facebook, em primeiro lugar com a intenção de facilitar sua comunicação com as garotas da faculdade, em 2004 foi lançado o filme Alien versus Predador.
Os dois primeiros filmes, Alien e Predador, são ótimos. Se você não assistiu, assista. É uma boa diversão. Já a reunião de ambos, Alien versus Predador, não vi e não recomendo. Muito oportunismo, só pode ser ruim. Mas o filme apresentava um cartaz que alertava o seguinte:
"Não importa quem vença… Nós perderemos".
É como me sinto em relação a esse provável segundo turno das eleições presidenciais, disputado entre Bolsonaro e o PT.
Talvez nunca.
Deu um desânimo.
Com exceção de Marina Silva, a única que parece falar a verdade no meio daqueles marmanjões, todos eles são candidatos a reizinho. Não passam de projetos mal-enjambrados de populistas. "Eu vou fazer isso, eu vou fazer aquilo." COMO o senhor vai fazer, candidato?
O populismo transformou a política brasileira em um pântano onde só importa quem vence a eleição. É um troféu, uma conquista a ser comemorada e esfregada na cara do adversário, não um processo maduro de tentativa de solução dos nossos problemas.
Então, o vitorioso assume e, a partir daí, o que ele faz é tentar continuar. Ele busca nova vitória. Só. Para isso, nada de entrar em polêmicas, como protagonizar reformas impopulares. Nada de projetos custosos e de longo prazo, como os que envolvem a educação básica. Não. O ideal são coisas simples e que rendam popularidade. Bolsas. Programas. Distribuição de dinheiro. Exemplo: em vez de se ocupar da escola pública, que dá muito trabalho, basta facilitar o ingresso nas faculdades. Ninguém se importa se o universitário é semianalfabeto, o importante é que ele, aparentemente, venceu na vida graças a um governo bondoso.
Assim foi o governo do PT e também o da sua presumida nêmesis, o PSDB, e agora o do ubíquo MDB. Quando houve alguma melhora, foi pontual e efêmera. Nada estrutural, nada sistêmico. De estrutural e sistêmico, apenas o projeto de continuidade.
Agora, você olha para eles na eleição e vê que nada mudará. De um jeito ou de outro, estaremos submersos no atraso do populismo. Alien ou Predador? Quem vencerá? Não sei. Sei que nós perderemos.