Nós entrevistamos um homem que dá aulas sobre a felicidade, nesta semana, no Timeline, da Gaúcha. É o professor Dejalma Cremonese, da Universidade Federal de Santa Maria, onde ele irá lecionar uma disciplina intitulada Ética e Felicidade.
Terminada a entrevista, várias pessoas vieram falar comigo ou me mandaram e-mails perguntando a propósito do tema. Não me surpreendi. Porque, afinal, todo mundo quer ser feliz. Não é por outro motivo que os psicanalistas estão ricos e que os livros de autoajuda não se movem do topo das listas dos mais vendidos.
Pouco importa onde você está ou o que está acontecendo. Importa é como você está lidando com tudo isso DENTRO de você.
No caso, as aulas de Cremonese são a respeito de um desses canais de busca da felicidade, que é a filosofia. Porque é isso que a filosofia faz: tenta descobrir, através da razão, como o homem pode ser feliz.
É uma tarefa complicada, porque nós, seres humanos, sabemos coisas, e a sabedoria é a fonte da infelicidade. Nós sabemos, por exemplo, que vamos morrer. É o mais trágico dos conhecimentos. Por que tinham de nos contar isso? Ter consciência da própria morte dificulta tudo – nós começamos a achar que coisas ruins são inevitáveis.
Sêneca tinha uma saída para essa terrível sensação. A seguinte: quando você for assaltado pela suspeita de que algo ruim pode acontecer, passe a ter COMPLETA CERTEZA de que algo ruim acontecerá. Isso não impedirá que a coisa ruim aconteça, mas tornará você mais leve enquanto ela não acontece.
Schopenhauer fazia um raciocínio um pouco diverso. Para ele, a felicidade é a ausência de dor. Mas você obviamente só saberá disso se já sentiu dor. Ou seja: a etapa de Sêneca se cumpriu, a coisa ruim, que era inevitável, não foi evitada – ela aconteceu. Mas passou, porque tudo passa. Assim, aliviado, você conclui: como é bom não estar experimentando coisas ruins.
Na verdade, Sêneca e Schopenhauer apontam a mesma solução. Sêneca ensina a ser feliz antes da dor. Schopenhauer ensina a ser feliz depois da dor. Quer dizer: enquanto não houver dor, seja feliz.
Mas e quando houver? Aí você pode reunir Sêneca, Schopenhauer, Sócrates, Heráclito, Nietzsche e Freud, que bebeu de todos eles. Junte-os e você terá uma só frase: "Conhece-te a ti mesmo".
Essa máxima, que estava inscrita no pórtico de entrada do Oráculo de Delfos, é o resumo das artes, da filosofia e da psicologia. Porque, conhecendo os seus sentimentos, você conhecerá os dos outros e, assim, saberá viver melhor em sociedade. Mas o mais interessante é que você concluirá que pouco importa onde você está ou o que está acontecendo. Importa é como você está lidando com tudo isso DENTRO de você. Significa que mesmo durante a dor você pode ser feliz, até porque você sabe que foi mais feliz antes e que será muito mais depois.
Fim do primeiro capítulo do curso de felicidade.